acreditamos que o ser humano é um ser racional.
o ser humano possui a condição racional, porque pensa e sabe que pensa.
mas isso não é o suficiente para sermos denominados seres racionais, isso só seria verdadeiro se fosse possível para o ser humano ter ações, reações, relações, primeiramente racionais.
a realidade é que somos seres emocionais!
pensamos, sentimos e agimos conforme nossas emoções, e a razão só consegue nega-las ou justifica-las, ou na melhor das hipóteses, dar-se conta de nossas emoções.
a emoção define o que sentimos, como agimos e como pensamos.
nossa cultura, assim como nosso sistema escolar, ilude-se ao criar condições de desenvolvimento prioritariamente racionais, desinvestindo ao máximo nossa condição de seres emocionais.
por mais que tenha sido feita essa inversão, nossa natureza não se convenceu, e não nos permitiu trocar o ser emocional pelo ser racional.
e o que não se desenvolve se atrofia, assim nos tornamos seres emocionais atrofiados com razão desenvolvida para negar ou justificar nossas emoções.
para suportar essa forma aleijada de ser, nos apoiamos no poder, recurso necessário para seres racionais.
quando nos assumimos seres emocionais, e investimos no desenvolvimento dessa condição, encontramos a potencia.
quem tem potencia não precisa do poder, inversamente, todo impotente busca a qualquer custo o poder.
e o que vemos nas escolas do nosso sistema corrente? crianças, adolescentes e adultos incentivados a buscar o poder.
e por que?
porque, nesse sistema escolarizado nos padrões atuais, desinveste a potencia, que só é possível ser desenvolvida juntamente com nosso desenvolvimento emocional.
e nós, pais e educadores dos dias de hoje, fomos educados para o poder, porque fomos educados para a impotência.
e assim educamos nossos filhos e alunos.
a cara do poder contemporaneo se apresenta de vários modos diferentes.
o mais grosseiro de todos é o uso do castigo e da ameaça, que nada mais é do que o retrato de um adulto impotente diante de uma criança, que em nome do papel de educador, ameaça e/ou castiga a criança que está fazendo algo que não deveria ser feito.
quando tentamos refinar o uso de nosso poder, nos tornamos mais positivos educando através da promessa e/ou premiação, promete-se uma recompensa para que a criança mude suas atitudes indesejadas.
até que nos damos conta que castigar e premiar são dois lados da mesma moeda, e criamos um modo mais sutil do uso do poder através da razão, o adulto explica, justifica, intelectualiza, e tenta convencer a criança a mudar de atitude.
mas, e se a criança, com todo esse cuidado, não reage do modo que o adulto deseja?
provavelmente ele culpará a criança por não estar a altura de sua explicação e aplicará o modo menos sutil de poder querendo trocar sua obediência por um beneficio, mas se mesmo assim aquela criança insiste em não mudar o adulto apelará para a ameaça...
somos ou não impotentes e desejosos de poder?
observação: não estou colocando em discussão a ação da criança, e sim, a do adulto, ou melhor dizendo, creio que o adulto poderá ajudar a criança a se desenvolver e a responsabilizar-se por seus atos, mas não através do uso do poder, que só irá reforçar a formação de uma criança impotente.
a saída para essa triste situação é começar a investir no desenvolvimento de nossa potencia, no desenvolvimento de nossa condição de seres emocionais.
precisamos de uma educação para potencia, de uma escola para o ser, para crianças, para pais e educadores.
5 comentários:
Sensacional Ana! Uma aula de humanidade. As vezes parecemos tão inteligentes, e acabamos nos tornando escravos disso tudo. Verdadeiros defuntos animados
rapaz a verdade é que isso tem estado sondando todas nossas intenções o tempo todo. Este post não poderia ter chegado em melhor hora para nós. 2 anos e meio, o momento em que a criança começa a assumir algum tipo de consciência sobre a própria potência e nós adultos impotentes abusamos do poder para incliná-las. Seres emocionais, guiados pelas emoções reprimidas. Que idiotas nós somos. O melhor é que assumamos de vez:todos somos idiotas, bobos. Deixemos que a inocência de nossas crianças nos ensinem algo. A inocência é o princípio da nossa potência. Ana Thomaz, quero que leia isso s epuder comentar agradecemos http://www.penaterradospalhacos.blogspot.com.br/2012/05/arte-do-palhaco-e-as-possibilidades.html
Ana seu poder de síntese é incrível! E as práticas? O que seria...Cada experiência sugere uma prática diferente...?
Tenho observado atentamente as falas e uma que me dá arrepios está em torno de "faça isso ou aquilo porque outra pessoa está fazendo" Tenho que comer porque o outro comeu? Fazer qualquer coisa porque o outro faz ou fez?!!! Então depois de uma década ouvindo isso, chega a adolescência e a fala muda para (no sul fala-se assim): Menino deixa de ser maria vai com as outras!!! Uma construção de pensamento interessante!!!
Quando consigo me unir ao fluxo que meu filho se encontra, e não tento convencê-lo que meu ponto de vista é o correto, conseguimos nos harmonizar e ele de alguma maneira Entende. Eis o Aconteceimento!Enquanto as práticas, observo qual a qualidade do meu pensamento que sugere tal ação....Pensar é uma prática! (risos) Rir e não levar tudo tão a sério, é uma prática. Não se preocupar o quanto o choro de desabafo pode ser irritante aos outros...é uma prática!
Práticas descolarizadas?
Práticas... Praticar... Na prática!
Observar. Ousar. Fazer. Calar.
Grande abraço, Querida!
Saudades dos encontros organizados por Você!
São encontros Inspiradores!!!!
Ana, você não me conhece mas eu cheguei até você por ser buscadora de viver melhor, gostaria de saber como é seu trabalho, você é terapeuta? Gosto demais do seu olhar obrigada e se puder entrar em contato meu email é fefeifer@hotmail.com
Adorei o teu blog Ana. Sou a Carolina, mãe, mulher, psicologa, educadora e estou vivendo uma mudança e quem sabe a transmutação percebendo esses novos caminhos possiveis e descobrindo novas formas de atuar profissionalmente e novas formas de vida. estou encantada com teu textos, eles me tocaram. Grata!
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