17.10.11

DESECOLARIZAÇÃO + UNSCHOOLING!

já usei a palavra desescolarização como tradução de unschooling, mas para mim, tem ficado muito claro que são duas coisas bem diferentes, porem totalmente aliadas.

unscholling é a denominação da pratica, que algumas famílias, mundo afora, optaram por não mandarem seus filhos a escola e nem transferirem a escola para dentro de casa (homescholling).

desescolarização, para mim, é a pratica de "tirar" a escola de dentro de nós, o pensamento formatado que a escola nos ensinou.

escola que vai além de seus muros, que existe em casa, na sociedade, no trabalho...

nossos encontros de desescolarização são para que os adultos pratiquem a mudança do paradigma do pensamento intermediado pela escolarização, para o paradigma do pensamento desescolarizado, que está diretamente conectado com a fonte de criação da vida, com nossas pulsões.

apesar de serem praticas distintas, unscholling e desescolarização, se sustentam mutuamente, por isso pratico as duas.

pratico a desescolarização em mim, com meu marido e com meu filho de 18 anos que até os 14 frequentou a escola, fomos escolarizados e por isso estamos nos desescolarizando.

pratico o unschooling com minhas filhas, que nunca frequentaram escolas, por isso não precisam desescolarizar.

é possível um adulto optar por se desescolarizar e manter os filhos na escola, assim como é possível ter os filhos fora da escola e seguir o paradigma da escolarização.

porem, não há duvida que os dois caminham muito bem juntos.

uma das inseguranças que os pais escolarizados sentem é em relação ao tempo e a responsabilidade de educar os filhos.

quando uma família pensa em praticar o unschooling sob o paradigma da escolarização a solução virá formatada, baseada em custo-beneficio, com sacrifícios de tempo e das finanças da família em prol do desenvolvimento que acreditam para seus filhos.

sob o paradigma da desescolarização, os pais percebem que precisam ter uma vida cotidiana mais interessante para que seus filhos os acompanhem em ambientes vivos e inspiradores, a transformação é de toda família e todos ganham com a mudança.

porque uma criança não precisa de pais que os eduquem e sim de pais que vivam com eles.

e esses pais precisam se preparar para viverem ao lado de seus filhos.

13 comentários:

Anônimo disse...

Na prática, do que você já viu é possível o unschooling com pai e mãe trabalhando fora de casa?
Abração,
Ana Cris (aquela de sempre)

Lúcia Braga disse...

Boa a pergunta da AC! Quero mto saber mais, discutir... viver isso na prática, Ana. Estou em Poços, longe de vcs... o q vc me indica? Um beijão, Lu

Ana Thomaz disse...

Ana Cris, depende da idade dos filhos e da flexibilidade do trabalho dos pais. O unschooling realmente é viver com os filhos ao invés de educa-los academicamente. Mas depois de uma certa idade eles fazem muitas coisas sozinhos. Meu filho precisou mais de mim nos primeiros meses, ele tinha 15 anos, mas estava passando por uma "desintoxicação" escolar e era bom estar ao lado dele para apoia-lo. Mas depois que ele se encontrou no caminho de desenvolvimento ele me requisita muito pouco. Daria tranquilamente para eu trabalhar periodo integral fora de casa. Ja quando a criança é pequena, precisa estar por perto, com muito tempo e disponibilidade, mas é muito mais facil do que estar tempo parcial, curioso isso.
se quiser saber coisas mais especificas é só falar. podemos encontrar hora dessas...beijos

Ana Thomaz disse...

oi Lucia, vamos fazer um encontro em Poços! tem mais gente interessada por aí?
qualquer coisa especifica que voce queira perguntar é só falar.
tem varios posts do começo do ano que contam um pouco mais dos pensamentos dessa pratica.
vamos nos falando
beijos

Fernando Amorim disse...

Li seu blog e considero interessante suas considerações finais sobre os pais optarem por um estilo de vida que propicie a convivência entre os mesmos.
No entanto, considerando a estrutura de nossa sociedade, acredito que numa escala numérica menor é possível que isso ocorra e com bons frutos para as pessoas envolvidas em si e, consequentemente, para a sociedade, pois pessoas mais “sadias”, tanto física quanto mentalmente, constitui agrupamentos mais saudáveis.
Eu me dediquei no decorrer de minha formação acadêmica (Filosofia, Arquitetura...) sobre o Estado, mais precisamente, políticas públicas. Busquei, e busco, analisar, compreender e dialogar sobre possíveis alternativas para alguns aspectos sobre a constituição da sociedade. E considerando o contexto real de desigualdade e exclusão social, de uma sociedade punitiva, violenta, etc...como pensar este aspecto da desescolarização para a grande massa? Acredito que para se mitigar, veja bem, mitigar/diminuir, e não resolver totalmente, os problemas sociais não há como não pensar no contexto como um todo já que tudo está ligado. Ou seja, é válida a desescolarização, mas não consigo pensar numa aplicação ampla que embarque uma grande maioria de pessoas com histórias de vida diferentes e que agem em seu cotidiano de maneira diferente, pois não há como não pensar que numa sociedade desigual como a nossa, com graves problemas sociais, determinados pais tenham ou não a estrutura para fomentar a “educação” de seus filhos a partir da convivência cotidiana.
A proposta aqui apresentada por você, em si é válida e não pode ser descartada, mesmo ocorrendo numa escala menor. No entanto, temos que pensar em como oferecer os meios necessários para que esta convivência seja possível a uma grande maioria de pessoas, pois do contrário, é ter uma família sadia no interior de uma sociedade que apresenta patologias sociais graves, na qual todos, veja bem, todos estão suscetíveis, mesmo aqueles enclausurados em suas fortificações medievais dos condomínios fechados!!!

Ana Thomaz disse...

oi Fernando,
a pratica do unschooling (não ter os filhos na escola) não é possivel ser reproduzida nem entre familias da mesma condição social e intelectual, muito mesmo em larga escala, pois não tem uma formula, é uma pratica que tem que ser sempre criada. É uma pratica para (privilegiados) - eu desenvolvo esse termo neste post no blog http://anathomaz.blogspot.com/2011/07/privilegio-privilegio.html
mas a desescolarização (tirar o paradigma escolar de dentro de nós) é uma pratica ao alcance de todos que estão dispostos a viver essa transmutação.
Acredito que o ponto é esse que voce coloca, pessoas desescolarizadas criam sociedades melhores e dessa forma indireta essa medida é capaz de alcançar uma sociedade inteira.
Em um paradigma escolarizado as pessoas não se responsabilizam pela sociedade em que vivem, sentem-se vitimas dela; em um paradigma desescolarizado as pessoas sentem-se responsaveis e co-criadoras de todos os acontecimentos em sua sociedade, e podem recriar uma sociedade contemplando todos seus integrantes.
O trabalho começa em si mesmo, em cada um, desenvolvendo a capacidade que todo ser vivo tem mas que está adormecida em nós, a capacidade de ser auto-sustentavel (produtor de realidade ao invés de consumidor), de ser colaborador (ao invés de competitivo-destrutivo) e pertencendor desse planeta (ao invés de explorador).
Nesse momento estamos criando um projeto para concretizar a experiência da desescolarização, atendendo a grupos que queiram viver esse processo.
Eu acredito na mudança (mais que necessaria) de milhões de pessoas, desde que a mudança seja em cada um, e não em um sistema.
Quando quiser, venha participar dos nossos encontros.
abraço
ana

Anônimo disse...

Ana, olá!
E a desescolarização das escolas, é possível?
Pode ser uma saída para o formato atual?
Ah! Quando der, escreve para nós aqui do blog sobre sua experiência com a pedagogia Waldorf. Será muito bom saber o que pensa. Obrigada!
Bj grande,
Fernanda

Ana Thomaz disse...

oi Fernanda,

é possivel desescolarizar uma escola, mas para isso é preciso desejo de mudança de todos que participam da escola.
desescolarizando uma escola, o que fica é o espaço para educação, desenvolvimento do potencial de todos os envolvidos, crianças e adultos.

eu posso escrever sobre a minha experiencia com as escolas waldorf, para onde escrevo?
beijo

daniela disse...

"os pais percebem que precisam ter uma vida cotidiana mais interessante para que seus filhos os acompanhem em ambientes vivos e inspiradores, a transformação é de toda família e todos ganham com a mudança." Ana, Essa parte do texto não me sai da cabeça ha dias... Acho que porque desde que as meninas nasceram, e elas ficam o tempo todo com a gente, parece que sinto meio que uma "obrigação" de ter uma vida mais interessante, de tornar situações corriqueiras mais divertidas, mais prazeirosas... E tem sido tão bom pra todos nós!! Tenho aprendido tanto com elas!! Querida, suas palavras são inspiração e aconchego, obrigada!!!! Daniela

Anônimo disse...

oi Ana!
obrigada pela resposta.
acho q essa possibilidade de desescolarizar as escolas seria uma excelente opção, que contemplaria uma gama muito maior de pessoas. é claro que, como vc disse todos precisam estar envolvidos.
sem dúvida todos ganhariam com um processo desses, educadores, pais, filhos e a comunidade do entorno.
quem sabe um dia, né?
quanto à waldorf...
é escrever no seu blog aqui mesmo.
creio que em resposta a algum comentário vc comentou com alguém que qq dia contaria sobre sua experiência e fiquei interessada em conhecer seu ponto de vista :).
bj,
fernanda

Unknown disse...

Oi, Ana! Queria falar sobre o que o Fernando Amorim levantou no post de outubro de 2011 (sobre a desescolarização em massa). Eu penso muito nisso... Acho que todos deveriam poder ter essa opção, ainda que houvesse certo apoio (bibliotecas, centros comunitários etc) governamental. E cheguei ao seguinte pensamento: Já são dados alguns benefícios assistenciais para famílias de baixa renda. Eu acho que se uma mãe (responsável) recebesse auxílio financeiro do estado para ficar com o filho seria algo bem interessante. Lembro de um município em São Paulo, onde o prefeito não tinha como atender crianças em creches municipais, então ele pagava as mães para ficar com os filhos até ele conseguir construir as creches!! Ou seja, é algo possível de fazer inclusive para a massa. Aliás, seria muito mais útil para todos nós que uma pessoa recebesse dinheiro do governo para aprender com o filho do que essa mesma pessoa ganhando um salário mínimo para trabalhar o dia todo e terceirizar o filho. Sei que falando assim pode apavorar o pessoal que acha que políticas públicas acabam fazendo as pessoas ficarem dependentes eternamente, mas se queremos mudar o pais através da educação, não é deixando a grande massa ao "deus dará" da escola formal que isso vai acontecer. Todos precisam de suporte financeiro. Eu não me importaria de pagar IR e saber que todos estão se educando (pais e filhos), mas me importo muito de pagar impostos e saber que eles são usados para essa escola que temos aí!! É dinheiro e tempo jogados fora. Dinheiro do contribuinte e tempo do estudante, que sai da escola pública e nem ao menos consegue passar (eu disse passar e não conseguir vaga) no vestibular de universidade pública (que é o grande fetiche social atualmente). Ou seja, o próprio governo admite, ao reprovar um aluno da rede pública, que tudo o que foi feito com ele durante doze anos não serviu nem para isso. Aí, inventam o ENEM, para camuflar a própria incompetencia da escola.

Ana, estou adorando te ler. Fico muito feliz de saber que tenho pessoas com pensamentos gêmeos espalhadas por aí. Uma pena que eu não tenha coragem de fazer o que vc fez.. ainda!! E o dilema passa pela questão social mesmo!! Sinto falta de apoio social. Acho que me sentiria mais a vontade se tivesse um grupo de pais para encontrar, trocar ideias, deixar nossos filhos interagirem... Resquícios de quem se escolarizou além da conta!! rs
Bjs

Anônimos disse...

Olá gostaria muito de saber sua opinião Ana Thomaz sobre as escolas waldorf. Tenho um filho de 5 anos, ficou um ano num jardim waldorf e agora está em casa conosco pois onde moramos atualmente ainda não tem escola waldorf. Da minha experiência na escola.... e com tudo que tenho lido e assistido sobre desescolarização tenho muitas interrogações. ... vi em vários textos nos comentários, outras mães perguntando sua opinião ou comentário sobre essa opção ou modelo. Seria bom que fosse postado aqui, para todos que como eu gostariam de "lê-la" sobre o questionamento acima.... mesmo assim, deixo meu email: emccompanhia@yahoo.com
Grata desde já.

Danile Granato Marcondes disse...

Ola , sou fundadora de uma nova grande empresa de seminarios chamada Experiencia de Sucesso e da editora Educare e gostaria de contactar voces para falar mais sobre unschooling. Eu moro em Londres ha 13 anos (no momento no Brasil) mas tenho 2 filhos unshooled, provas vivas de que aprender naturalmente vale a pena. Estou em contato com grandes autores internacionais que defendem esse direto das criancas serem livres para aprenderem. Entao em breve estaremos publicando varios livros sobre o assunto e tambem seminarios online e presenciais com esses grandes lideres no assunto. Adoraria poder contar com a ajuda de voces. Segue meu contato: danile@experienciadesucesso.com.br

nos falamos em breve
dx