17.6.12

ESCOLA PARA O SER


acreditamos que o ser humano é um ser racional.

o ser humano possui a condição racional, porque pensa e sabe que pensa.

mas isso não é o suficiente para sermos denominados seres racionais, isso só seria verdadeiro se fosse possível para o ser humano ter ações, reações, relações, primeiramente racionais.

a realidade é que somos seres emocionais!

pensamos, sentimos e agimos conforme nossas emoções, e a razão só consegue nega-las ou justifica-las, ou na melhor das hipóteses, dar-se conta de nossas emoções.

a emoção define o que sentimos, como agimos e como pensamos.

nossa cultura, assim como nosso sistema escolar, ilude-se ao criar condições de desenvolvimento prioritariamente racionais, desinvestindo ao máximo nossa condição de seres emocionais.

por mais que tenha sido feita essa inversão, nossa natureza não se convenceu, e não nos permitiu trocar o ser emocional pelo ser racional.

e o que não se desenvolve se atrofia, assim nos tornamos seres emocionais atrofiados com razão desenvolvida para negar ou justificar nossas emoções.

para suportar essa forma aleijada de ser, nos apoiamos no poder, recurso necessário para seres racionais.

quando nos assumimos seres emocionais, e investimos no desenvolvimento dessa condição, encontramos a potencia.


quem tem potencia não precisa do poder, inversamente, todo impotente busca a qualquer custo o poder.

e o que vemos nas escolas do nosso sistema corrente? crianças, adolescentes e adultos incentivados a buscar o poder.

e por que?

porque, nesse sistema escolarizado nos padrões atuais, desinveste a potencia, que só é possível ser desenvolvida juntamente com nosso desenvolvimento emocional.

e nós, pais e educadores dos dias de hoje, fomos educados para o poder, porque fomos educados para a impotência.

e assim educamos nossos filhos e alunos.

a cara do poder contemporaneo se apresenta de vários modos diferentes.

o mais grosseiro de todos é o uso do castigo e da ameaça, que nada mais é do que o retrato de um adulto impotente diante de uma criança, que em nome do papel de educador, ameaça e/ou castiga a criança que está fazendo algo que não deveria ser feito.

quando tentamos refinar o uso de nosso poder, nos tornamos mais positivos educando através da promessa e/ou premiação, promete-se uma recompensa para que a criança mude suas atitudes indesejadas.

até que nos damos conta que castigar e premiar são dois lados da mesma moeda, e criamos um modo mais sutil do uso do poder através da razão, o adulto explica, justifica, intelectualiza, e tenta convencer a criança a mudar de atitude.

mas, e se a criança, com todo esse cuidado, não reage do modo que o adulto deseja?

provavelmente ele culpará a criança por não estar a altura de sua explicação e aplicará o modo menos sutil de poder querendo trocar sua obediência por um beneficio, mas se mesmo assim aquela criança insiste em não mudar o adulto apelará para a ameaça...

somos ou não impotentes e desejosos de poder?

observação: não estou colocando em discussão a ação da criança, e sim, a do adulto, ou melhor dizendo, creio que o adulto poderá ajudar a criança a se desenvolver e a responsabilizar-se por seus atos, mas não através do uso do poder, que só irá reforçar a formação de uma criança impotente.

a saída para essa triste situação é começar a investir no desenvolvimento de nossa potencia, no desenvolvimento de nossa condição de seres emocionais.

precisamos de uma educação para potencia, de uma escola para o ser, para crianças, para pais e educadores.