6.11.14

A ESCOLA QUE NÃO PRECISARÁ MAIS EXISTIR

para nossa família, o unschooling continua sendo a melhor escolha

ja são 7 anos nessa jornada que tem cada vez mais se apresentado como a melhor possibilidade para nosso modo de vida

como nunca fomos ativistas de nenhum movimento contra a escola, estamos sempre abertos para todas as possibilidades

nesse ano tive a alegria de conhecer uma professora (como acredito que muitas outras sejam) encantadora
uma pessoa que ama seus alunos
vibra e cresce junto com eles

essa professora da aulas em uma escolinha rural da cidadezinha onde vivo
(leia os diminutivos pela ternura bucólica de nossas paisagens)

oportunidades foram sendo criadas e assim começamos uma parceria para fortalecer e desabrochar todo amor que essa professora tem por seu oficio

fomos juntas criando um cotidiano escolar que segue totalmente as leis de diretrizes e base do governo, mas que desinveste completamente os hábitos e crenças da escolaridade

surge assim uma escola desescolarizada

desescolarizada de crenças, de hábitos, de desconexões, de ensino vazio, de hierarquia, de padronizações…

estou la diariamente assistindo de perto toda potência que tem um processo como esse

não existe currículo, nem classes, tampouco conteúdo pelo conteúdo 

mas existe muita presença, muito trabalho sobre os adultos, muita observação sem julgamento

não existem ameaças, nem recompensas, tampouco explicações especuladoras

mas existe muito acolhimento, limites, inspirações, conexões

existe antes de tudo um amor incondicional e aceitação plena por cada criança 

na vida pratica os projetos vão surgindo de modo surpreendente e muito vivos

ja tivemos um projeto de
fazer e empinar pipas
fazer e descer com carrinho de rolemã
fazer e desfazer cavalinhos de barro
pintar, limpar e embelezar o espaço

criamos infinitas mandalas
montamos quebra-cabeças dificílimos 
andamos de perna de pau
escrevemos cartas de amor
desenhamos nossas emoções

visitamos a ecovila do querido hiroshi
nos inspiramos na fazenda da serrinha
soltamos pião
fizemos pão de queijo

pular corda, dançar, cantar, correr, brincar, rir muito e chorar de vez enquando, faz parte do nosso cotidiano

tem surgido uma onda de meditações, vamos ver onde isso vai dar

nossos livros são lindos e bons de ler
escrever é a pratica preferida de alguns
fazer contas o desafio diário de outros

e assim passam os dias, e com a chegada do final do ano, vai dando um aperto no coração só de saber que vamos nos separar por um tempão

esse é um brevíssimo relato de uma escola rural publica, que com a confiança de um diretor por uma professora inspirada, tem sido possível transmutar o velho paradigma escolar

o processo tem se baseado na confiança de que toda criança ainda está bem próxima de sua força potente e de sua pulsão de vida
o que queremos é potencializar a potência de cada um
e alinhar o propósito de vida que cada potência de modo muito singular traz na sua essência

cada qual no seu ritmo vai surgindo uma composição onde aparecem as provocações, os antagonismos, as alianças
e assim vamos fortalecendo a capacidade de vivermos na diferença
na horizontalidade cheia de singularidades saltitantes

foram até então 4 meses de dedicação diária a essa realidade que estamos criando 

adoraria convidar a todos para presenciar isso de perto, mas claro que não é possível pois certamente iria desviar muito do olhar principal - a formação íntegra e integral de cada criança nessa jornada

nesse momento as presenças mais desejadas alem das crianças, são a de seus pais, para que possam se integrar com esse processo e ampliarem para seus lares e para comunidade

e no futuro sabe o que eu vejo? 
a possibilidade dessa escola não precisar mais existir
podendo tornar um centro de encontros, trocas e conexões de uma comunidade responsável por suas crianças 

esse é o grande paradoxo 
dedicar-se plenamente a criação de uma escola para que ela não precise mais existir!!!





12.10.14

CONGRESSOS E SUAS CONTRADIÇÕES

é o que estamos vivendo, cheios de contradições
porque já sabemos o bastante
já queremos uma mudança
mas como sempre aprendemos a partir de uma separação
onde a mente é quem aprende, desconectada com o todo
estamos vivendo essa confusão 
a mente aprendeu mas a emoção não acompanhou e assim criamos um desalinhamento do ser

nossa ação depende de nossaS emoções
não depende do nosso conhecimento
por isso estamos vivendo essa briga interna
algo em nós quer mudar e outro algo em nós não sabe como mudar

estamos estagnados pelo medo, essa é uma das emoções que nos paralisa

precisamos nos reconectar com o todo
trabalhar para a liberação de nossas emoções estagnadas
deixar a mente fazer parte do nosso corpo (e não do corpo do conhecimento fora de nós) 
para que a mente se reconecte com as emoções, o instinto, a intuição…
que faça parte do todo

foi isso que senti fortemente no 
IV Congresso Internacional sobre Educação sem Escola, Autoaprendizagem Colaborativo, Educação em Família, Modelos de Escola Flexíveis
que aconteceu entre os dia 2,3 e 4 de outubro de 2014
na Universidade Nacional de Colombia em Bogotá

foram 2.500 inscritos para um auditório de 500 lugares, onde foram acomodadas umas 750 pessoas
mais de 40 palestrantes com diversas experiências e saberes sobre o assunto
testemunhando que a necessidade desse movimento está por todo lado

porem o congresso aconteceu nos moldes mais acadêmicos possíveis
cada palestrante tinha 10 minutos para ler sua fala
não havia interação direta entre palestrante e publico

e contraditoriamente todos falando da necessidade de mudanças, principalmente da nossa falta de capacidade de aceitar o desconhecido, o inédito, o novo
porem os anseios continuam sendo pelo controle, pelo saber, pelas referencias, pelas garantias…
estamos quase todos nessa

queremos mudar, mas temos medo
porque mudar não é melhorar o que já está
mudar é partir de um outro paradigma
ter novas questões 
sentir uma confiança inédita 
onde a ação não depende de garantias
mas de presença e lucidez
percepção e fluxo

diria que antes de mais nada voltar ao todo
ao ser completo que somos e que desmembramos no nosso modo de vida
e deixar agir em nós esses desconhecido
que nada mais é que o reencontro com nosso ser por inteiro

as experiências tocantes do congresso foram as partilhas de famílias e pequenas comunidades que estão vivendo outros modos de vida
foram as experiências pequenas que geraram impacto 
porque a mudança está em cada um de nós que pode gerar um novo modo de ser
já sabemos que não é preciso esperar a mudança vir de fora
esperar que a sociedade mude
que as escolas mudem

a transmutação precisa ser feita em cada um de nós
e assim acontece a grande revolução, a grande evolução 

sim, o congresso foi muito inspirador
pois foi tudo muito explicito 

é mais impactante fazer uma ação transformadora em si mesmo que certamente ira reverberar por todos em volta
do que muitos discursos públicos

ha que praticar no dia a dia da vida



13.8.14

DESESCOLARIZANDO A ESCOLA!

meu desejo é que nenhuma criança precise ser escolarizada

isso não se resume em tirar a criança da escola, pois ela poderá ser escolarizada dentro de casa

por isso nos últimos anos me dediquei a compartilhar com mães e pais o processo "desescolarizador" do adulto para liberar a criança dessa formatação

criança que não vai a escola e que tem em casa mãe e pai se "desescolarizando" encontra um outro problema, o da velocidade!

criança não escolarizada mantém sua potência muito ativada e exige uma velocidade nos processos "desescolarizantes" de sua mãe e de seu pai, que facilmente se sentirão atropelados por esse descompasso

quando a ação da criança surpreende o adulto distraído no jogo do poder, perde-se o controle e a ação partirá das emoções estagnadas, criando frustração e sensação de incapacidade de lidar com um filho potente, que não está sendo formatado para responder a ameaças, chantagens e recompensas

senti uma grande necessidade de mães e pais encontrarem apoio em outros adultos que também estejam em processo de "desescolarização", para potencializar essa transmutação que estamos querendo viver, alguem que por não estar envolvido com a mesma carga emocional de mães e pais, consiga alcançar a velocidade necessária para uma relação sintonizada com a criança potente

procurei no educador, no professor, a possibilidade dessa aliança

educadores e professores apaixonados também são encontrados encerrados em salas de aulas

na escola, encontrei professores com desejo genuíno de ser um facilitador para os processos da criança, sem o desejo de criar uma hierarquia e fazer uso do poder sobre a criança

a eles faltam algumas ferramentas, mas sobretudo um apoio para poderem desenvolver sua essência de educador sem sentir sua verdade tolhida pelo sistema educacional vigente

assim demos inicio a um projeto real, pratico, diário, com uma escola e uma professora com toda sua coragem de se "desescolarizar" dentro da escola e facilitar processos de desenvolvimento para a criança

estou diariamente com essa professora em uma grande parceria

não estou la para ensina-la mais um método, ou para que ela realize meus desejos de construção de uma escola "desescolarizada"

estou la para fortalece-la, para que ela entre em contato, reconheça e honre seus sonhos, sua verdade, sua essência

esse projeto poderá se tornar um pólo de experiência para outros educadores que poderão vivenciar na pratica o reconhecimento do processo singular de cada um

não pretende ser uma escola referente, com um método para ser copiado

é um lugar que legitima a força que tem a singularidade de cada educador, que quando encontra sua essência, sua potencia, possibilita seu processo singular de aceitação incondicional de si mesmo

um verdadeiro aliado da criança, de sua mãe e de seu pai

um lugar para gerar multiplicadores em escolas, centros comunitários, grupos de famílias em processo de desescolarização...

em breve esse será um projeto aberto a todos os interessados em vivenciar essa experiência

também coloco aqui uma lista de materiais que estamos em busca para essa escola para vida

caso alguem tenha algum material para doar, ou caso alguem queira doar alguma quantia financeira para viabilizar nosso projeto, pode me escrever diretamente no email: anavidaativa@gmail.com

materiais:

  • estantes em módulos para organização dos materiais das crianças
  • almofadas
  • tecidos
  • qualquer material que incremente nosso parquinho
  • tinta de parede, rolos e pinceis
  • mão de obra, especializada ou não
  • qualquer outro material que voce sinta que seja adequado para esse projeto (filmes, livros, figurinos, musicas...) 
logo escreverei sobre o processo da "formação" não formatada de educadores multiplicadores desse projeto de "desescolarização" da escola

por hora, compartilho aqui minha alegria e percepção de algo muito possível de acontecer em grande escala






26.6.14

SER OU PERTENCER, EIS A QUESTÃO!

somos um ser composto de muitas forças
nosso corpo concretiza essa composição
no corpo se encontram instinto, intuição, percepções, emoções, mente e muitas outras forças que o compõe e o atravessa

no nosso processo de vida, a mente foi super valorizada
e todas as outras forças desinvestidas
e assim criou-se a dualidade - mente x corpo

uma mente não vive sem um corpo
então uma mente, que já não habita seu corpo, procura outros corpos para habitar
o corpo do conhecimento, da instituição, do guru, da religião, dos partidos políticos...
qualquer outro corpo, menos o próprio corpo
por isso temos uma mente que possue um corpo
a mente aprende fora e tenta dominar um corpo para realizar o aprendido

assim pertencemos
deixamos de SER
pertencemos a um grupo social, intelectual, racial...
deixamos de SER
queremos nos identificar
necessitamos referencias
queremos ser igual ou diferente do outro, vivemos de comparações
partimos sempre de fora
pertencemos
não somos mais

a grande mudança de paradigma é deixar de pertencer e começar a SER novamente

um caminho para essa transmutação é sair da irresponsabilidade e da imaturidade que todos fomos criados
somos irresponsáveis porque sempre queremos que alguem se responsabilize por nossas escolhas, queremos leis para sentirmos legitimados, buscamos os iguais para nos sentirmos certos, buscamos empregos, títulos, movimentos, grupos ativistas, queremos pertencer...

somos imaturos porque queremos mediadores
queremos que alguem diga o que é justo
somos vitimas
nos sentimos impotentes
nos relacionamos de modo amador
confundimos o que sentimos, acreditando que alguém nos faz sentir algo
que o outro (a sociedade, o governo, o patrão, o filho, a mãe...) é sempre o responsável do nosso bem ou mal estar

para SER, precisamos assumir a responsabilidade de nossas relações, de nosso autoconhecimento, de nossas criações
ao SER, somos maduros para encararmos sem intermediarios nossas relações, nossas emoções, nossas ações

SER é muito mais orgânico do que PERTENCER
pertencer demanda mais gasto energético, especulação, é necessário nos adaptarmos, criar algo que não flui em nós
SER é mais simples
só não parece fácil porque há muito tempo deixamos de praticar o SER
mas é mais simples e mais fluido do que pertencer

precisamos trazer nossa mente para dentro do corpo novamente
deixa-la lado a lado com nossa intuição, nosso instinto, nossas emoções, nossas percepções...
a mente vai adorar voltar a seu corpo de origem
o corpo vai vibrar de alegria ao voltar a se compor por inteiro
voltar a SER
TORNAR-SE
inteiro
singular
potente
criador de si mesmo

SALVE O SER!

27.3.14

"A VERDADE"


a união faz a força!

uma das frases mais cliches que temos
mas parece ser uma frase bem verdadeira
talvez seja assim mesmo
a verdade é clara
facil de entender
mas é necessário coloca-la em pratica para que ela se sustente
e não se reduza a uma frase vazia, usada para efeitos publicitários

peter brook, nosso grande diretor de teatro contemporâneo
em uma de suas peças disse
“existe a minha verdade, existe a sua verdade, existe a verdade”

a união faz a força, é uma verdade
mas só nos encontramos com essa verdade quando ela é a nossa verdade
não conseguimos percorrer esse caminho com a verdade alheia
a verdade do outro, por mais que eu confie no outro, não servirá como minha verdade
adotando a verdade do outro eu não terei a alegria de me encontrar com “a verdade”

uma verdade se sustenta pela pratica
não se morre por uma verdade
não se luta por ela
não se cria movimentos para fortalecer nossa verdade
não é preciso nos tornamos ativistas de uma verdade

vive-se a verdade

não de modo cego e dogmático,
quando uma verdade se apresenta
colocamos na fogueira
vemos o quanto ela resiste
passamos a vida colocando-a em provas
enquanto ela resistir, continuamos alimentando-a
mas sempre colocando-a em prova

a verdade resiste quando não há contradição
quando a ação, o desejo, o pensamento, o olhar para vida
estão alinhados com a verdade de cada um

toda verdade é cheia de paradoxos
mas não há contradição

comecei esse texto achando que iria falar sobre como a união faz a força
porque vivi essa experiencia
encontrei-me com alguem que sustenta uma verdade diferente da minha verdade
e como ambas somos legitimas em nossas verdades
pois praticamos, agimos, pensamos e sentimos alinhadas as nossas verdades
nosso antagonismo nos alimentou

nos unimos, com nossas diferentes verdades
nos encontramos com “a verdade”
chegamos a lugares que não alcançaríamos sozinhas

não é preciso a igualdade para nos aliarmos para a construção de uma vida potente
é na diferença que a vida se compõe
talvez a frase deva ser atualizada para
“a união das diferenças faz a força”

foi nesse universo micro que senti a possibilidade de viver em paz com a diferença
e quando algo acontece no micro cria-se a realidade do macro
eu volto para contar a experiência de viver nesse mundo novo 




24.2.14

A PERFEIÇÃO DA VIDA CONTINUA!


ampliar nossas percepções pode mudar completamente a nossa relação com os acontecimentos da nossa vida

geralmente, quando vivemos algo que nos mexe emocionalmente, temos a tendencia de fechar o ângulo e mergulharmos na problemática de modo isolado, mas quando abrimos nossa percepção, entramos em contato com um processo mais amplo (pois estamos sempre em processo), e nossa relação com o acontecimento se transforma

por exemplo
esses dias tenho desejado sinceramente trabalhar o meu humor, sinto que posso ser mais bem humorada, divertida, leve

quando eu me disponho a trabalhar essa questão eu não vou ser premiada com situações que me deixem bem humorada, eu terei que passar pelo processo de encarar e transmutar o meu estresse e as minhas irritações diante de situações que habitualmente eu reajo de mau humor

então, nada melhor que viver situações estressantes e irritantes para trabalhar a transmutação do meu humor, ao desinvestir a reação habitual, reconhecendo meu habito, observando-o e criando um espaço novo/vazio para que a emoção estagnada (mau humor) flua e algo novo possa imergir (um humor diferente que poderia ser reconhecido como bom humor, mas não uma mera representação desse estado)

resumo
quero trabalhar o bom humor? certamente me verei envolvida em situações que me colocam em contato com o que me gera mau humor

já sabendo disso, quando essas situações aparecerem, procuro ampliar o panorama e saber que esse é um processo de transmutação e não simplesmente mais uma situação irritante que tenho que enfrentar (de modo habitual)

fico então feliz da vida com a situação que me da a oportunidade de praticar a transmutação

por consequencia, o bom humor aparece e a vida fica mais leve e divertida

seja la qual for a situação que nos estagna emocionalmente, ela é parte de um todo absolutamente perfeito para transmutarmos nossas estagnações em emoções fluidas que nos coloca em contato direto com a alegria de viver

nos resta praticar a ampliação da nossa percepção e não nos iludirmos com situações aparentemente isoladas, porque depende de nós o modo como nos relacionamos com cada situação

e assim a vida segue absolutamente perfeita!