20.2.16

ALEGRIA DO CAOS

durante 5 dias em janeiro e outros 5 dias em fevereiro, vivemos os acampamentos no amalaya

foram processos de auto-criação de cada um de nós

na experiencia de dormir em barracas em uma área pouco estruturada, viver uma relação direta com o vento forte, com a chuva/tempestade de verão, com o sol a pino, com o céu estrelado

sem energia elétrica, sem paredes

fogão a lenha, pia de balde

chuveirão frio

crianças brincando em seu próprio ritmo e tempo

garotos e garotas de sorriso solto

adultos dispostos a deixarem a comodidade da vida urbana por alguns dias

sem programação pre-definida, sem distribuição de tarefas, sem combinados

pessoas desconhecidas convivendo intensamente

famílias convivendo intensamente

e a cada dia a sensação de estar mais conectado, mais sincronizado, mais simples


fomos ensinados a evitar o caos, a fugir dele e a controla-lo

por isso estamos sempre em busca do conforto e qualquer desconforto pode ser um incomodo

quando aceitamos e nos conectamos ao caos, confiando em seu movimento, nos surpreendemos com a harmonia que surge dele

na relação direta com a natureza, nesses acampamentos que vivenciamos, criamos intimidade e nos rendemos aos movimentos da natureza

uma dança constante entre caos e harmonia

paramos de buscar segurança, conforto, garantias, controle...

porque tudo isso é efeito

efeitos que sentimos depois de viver o caos com lucidez e aceitação

não é o caos que precisamos evitar, pois ele faz parte do processo

precisamos nos preparar para viver o caos, ganhar confiança nele, termos "musculatura" para vive-lo


aceitar o caos não é se perder nele, se distrair com ele

é perceber o movimento acontecendo e para isso é necessário desinvestirmos nossas crenças em relação ao caos


a questão é que temos reduzido e classificado o movimento do caos e por isso ficamos distantes dele


nossas relações se dão por atração - nos encantamos com algo ou com alguém, isso nos leva ao convívio, isso nos leva ao caos e aí começa o problema

reduzimos esse movimento chamando-o de "adaptação", "crise", "momento difícil", ou dizemos "espera, que passa"

o caos é muito mais do que isso

é energia em movimento e transmutação

é porta de abertura para criação

é evolução


não vamos precisar acampar de vez enquando para nos lembrarmos disso, mesmo porque acampar não garante nada

e mesmo com paredes sendo construídas no amalaya, luz elétrica chegando, agua potável brotando, o caos tem seu lugar ativo se harmonizando com a criação e a atenção que nos desperta

e assim encontramos a beleza e a alegria da dança constante entre caos&harmonia no dia a dia de nossas relações