11.11.13

VIVER NO PRESENTE!


estamos bem distantes do que podemos ser
porque estamos segmentados
estamos fragmentados
poderia dizer até aleijados
certamente em relação ao nosso corpo
a nossa capacidade cognitiva
e a nossa condição emocional

para dar-se conta de um corpo desconectado, fique em pé e sinta se você joga o peso do seu corpo nas pernas e nos pés, ou continue sentado e sinta se você joga seu corpo na cadeira...se sim, seu corpo realmente está distante do que poderia ser
veja uma criança começando a andar e repare que ela não coloca seu peso nas pernas e nos pés
ou olhe a criança pequena quando senta, ela não se joga no encosto da cadeira

para dar-se conta de um cognitivo reduzido veja se sua intuição, seu instinto, sua percepção, sua sensação, tem o mesmo valor que sua razão
você reconhece que aprende coisas importantíssimas sem saber como e nem de onde elas surgiram?
se não, seu cognitivo está distante do que poderia ser, está fragmentado e investindo somente nos 5% consciente e desinvestindo os 95% que são inconsciente.

e para dar-se conta das emoções estagnadas perceba se você fica ressentido, magoado, e guarda na memoria suas emoções negativas, se sim, seu fluxo emocional está estagnado, por isso bem distante do que poderia ser; livre, fluido e o motor para ações concretas, praticas e construtivas, independente da emoção ser alegria ou raiva

citei a criança pequena como exemplo de bom uso do corpo, porque ela não joga seu peso para as pernas, pois é anti anatômico jogar o peso de um corpo em cima de três articulações enormes que estão la para liberarem nossos movimentos

do mesmo modo, a criança pequena aprende sem nem saber como ou por onde, mas aprende, não imita somente, aprende mesmo e sempre surpreende os adultos que vivem com ela, porque realmente não temos idéia de como ela aprende muitas coisas 
é que quando temos o cognitivo pleno o aprendizado acontece assim, por todos os poros

e alguem já viu uma criança pequena se ressentir?
ela pode ficar extremamente chateada por alguma ação (ou não ação) dos pais, por exemplo, mas não demora muito para ela zerar qualquer emoção e seguir confiando plenamente em seus pais

vou mudar um pouco o assunto, mas já volto nesse acima

chegamos ao seculo 21 e já escutamos que aprender a viver no presente é o que realmente importa
pessoas meditam uma vida inteira para conseguirem estar no presente
já sabemos que esse vazio que sentimos, essa incompletude que nos faz correr atrás de coisas, de reconhecimento, de sucesso, de dinheiro, de amor, de paz...é uma ilusão, pois podemos nos dedicar uma vida inteira a isso, e nunca termos a sensação de que “chegamos la”, a não ser em pequenos momentos de grande ilusão onde uma conquista nos faz sentirmos vitoriosos, mas seu prazo de validade vence logo

então volto para a criança pequena e percebo que alem de ser um corpo inteiro, um cognitivo pleno e emoções fluidas, ela é uma especialista em viver no presente

ela brinca como se não houvesse amanhã
controi e destrói com a mesma importância
experimenta e experiência sem acumular
e quando volta para a mesma experiência, é tudo diferente, é de novo no presente

estou acreditando que a capacidade de estar no presente está intimamente conectada com a condição de ter corpo integro, cognitivo pleno e emoções fluidas

talvez seja por isso que as praticas que tanto buscamos e nos dedicamos para sairmos desse buraco em que nos metemos, tem um efeito ínfimo no dia a dia

nenhuma pratica nos garante a transmutação
posso meditar, fazer yoga, fazer jejum, ler autores inspiradores, viajar o mundo, adquirir conhecimento... mas na pratica, no dia a dia, a mudança é muito pequena
continuo criando um buraco insaciável em mim, e me torno uma buscadora, sigo com o vazio e acreditando que no futuro poderei preenche-lo, e assim viro uma profissional em fazer workshops na esperança de estar pronta para quando o futuro chegar

porque todas essas experiências mesmo que maravilhosas estão sendo vivenciadas por alguem com o corpo desconectado, com o cognitivo fragmentado e com as emoções estagnadas

então, mesmo tendo consciência de que o ideal seria viver de um determinado modo (diferente do atual), continuamos vivendo do jeitão de sempre, talvez com uma capacidade de explicação mais elaborada, ou talvez com culpa, ou ainda acreditando que não chegou o momento da virada, ou porque ainda acha que está se preparando, mas um dia...

porem, a transmutação não acontece porque o corpo e tudo o que lhe compõe, continua sendo o mesmo de sempre, desconectado, reduzido e estagnado

a natureza é clara
não posso criar a realidade que quero ou que sei
só posso criar a realidade que sou

assim afirmamos a perfeição da natureza, estamos vendo que uma sociedade de corpos desconectados, cognitivo reduzido, emoções estagnadas, cria suas realidades de acordo com esses estados

temos a sociedade que merecemos, reflexo do que somos

por isso o trabalho tem que ser feito em nós, vamos parar de perder tempo e nos distrairmos com a ilusão de mudar o mundo

vamos mudar a nós mesmos!

vamos transmutar!

só o conhecimento não basta, precisamos agir, e nossas ações são determinadas por nossas emoções e não por nossos conhecimentos.

vamos reconquistar nossos corpos, vamos ampliar nossa capacidade cognitiva, vamos fluir nossas emoções

não temos ideia do que podemos, somos e podemos muito mais do que imaginamos 




15.9.13

NO MEIO DO MATO!


me mudei para um sitio, no meio do mato

sem internet, sem tv e sinal bem restrito de celular

na verdade, tenho internet no centro da cidade a 7km

tem tv na casa de minha mãe, que é vizinha

e se eu subir no morro, consigo um pouco de sinal no celular

mas tem sido muito bom, nesse momento, restringir todos esses acessos

assim tenho tempo para muitas coisas que considero essenciais para o processo que estou vivendo

para minhas filhas tem sido incrivel, brincam o tempo todo e ficam conectadas com seus desejos potenciais sem distrações

ainda vou muito a são paulo, um ou dois dias da semana, pois estamos em transição com alguns compromissos, e o contraste fica obvio, eu com menos tempo e as meninas mais distraidas

mas aproveitamos para viver o melhor da cidade e assim fomos a exposição de sebastião salgado, genesis, que está no sesc belenzinho

genesis é o retrato da natureza intocada pela civilização

da natureza humana inclusive

pelas fotos, fica claro que as tribos que vivem a parte de nossa civilização, criaram seus processos sociais, não são selvagens

desenvolveram crenças, habitos, costumes, criando uma rede fechada onde é possivel reconhecer a pessoa como parte integrante de uma comunidade

para mim o grande merito é a harmonia com que essas tribos vivem com a natureza

tenho acreditado que para nós, filhos da revolução industrial, o caminho de volta a harmonia com a natureza, inclusive a humana, não seria buscar tribos para nos inserirmos, nem negar toda tecnologia, costumes e habitos que adquirimos com nosso modo de vida

mas sebastião salgado nos inspira a perceber que o contato direto com a natureza, inclusive a humana, nos transforma por conta de sua força facilmente observavel

regenerar uma terra, plantar, colher e comer, contemplar a beleza da paisagem, sentir o cheiro, o silencio, os sons...são experiencias que rapidamente nos conectam com a natureza, inclusive a humana

e não precisamos parar por aí, podemos viver com a natureza de um modo criativo, artistico, sensível...

as vezes eu escuto pessoas dizendo que o ser humano não tem mais jeito, por suas ações insanas, por suas necessidades futeis, por sua ilusão com o poder, por sua impotencia...

mas do mesmo modo que se ve uma terra devastada recuperada com cuidados basicos, o ser humano também reencontra sua natureza potente e a favor da vida quando transmuta seu modo de pensar, sentir e agir a vida

a vida está aí, abundantemente oferecida com todas as condições de ser vivida em plenitude

sem objetivo pre determinado

não precisamos alcançar nada, chegar a lugar nenhum, basta sermos

o que devolvemos ao viver a vida, é sempre inedito, é sempre uma surpresa

não creio que para nós o caminho seja voltar a viver em tribo para educar um filho, como diz o ditado

na altura do campeonato, seria algo caricato

talvez possamos aproveitar o desvio que já foi tomado e criar a independencia

independencia das instituições, dos habitos, da acomodação, do pre determinado, do controle, das garantias, dos sonhos dos outros

o grande paradoxo é que quanto mais independente, quanto mais auto sustentavel, mais disponiveis nos tornamos para verdadeiramente nos encontrarmos com o outro

as fotos de sebastião me enchem os olhos de alegria e me aquecem o coração

a vida no meio do mato me inspira uma vida livre e ousada

viva a independencia, salve os encontros!








17.6.13

PODEMOS SER LIVRES!

cada vez mais tenho dado conta que a desescolarização é parte de uma grande mudança de paradigma: a massificação

para controlar - dominar pessoas, é necessário massifica-las

criar população, criar a massa

e não existe população e nem massa na natureza

existem singularidades

cada vez que presencio o nascimento de um bebê em um parto natural assisto uma mulher singular parindo e um bebê singular nascendo

ali se comprova a não massificação da vida e das pessoas

precisamos exercitar nossa singularidade

deixar de querer fazer parte da massa

seja a massa da classe media

seja a massa dos alternativos

não precisamos nos juntar em massa para criar condições de vida potente

paradoxalmente, é na singularidade que aceitamos a diferença

é na singularidade que nos unimos verdadeiramente, sem interesses, muletas, especulações

a monocultura é a massificação da agricultura, é o empobrecimento do solo, e do alimento

estamos sempre buscando nossa monocultura, nossa turma, os iguais, a igualdade

é na diferença que a vida acontece de modo potente

na diversidade a vida criativa acontece

o ser singular não é um individuo fixo, que não muda porque não quer perder sua individualidade

o ser singular se diferencia de si mesmo constantemente, se cria, se auto produz, vida afora

nem por isso é um ser inconstante, mas sim atualizado com tudo que lhe atravessa, que chega aos seus sentidos

é o ser do presente

na singularidade encontramos o universo dentro de nós

e sentimos a cada mudança em nós, o universo em movimento

voltamos para nossa velha questão

o trabalho é em nós

a mudança é em nós

em cada um de nós

não precisamos de um mundo perfeito para encontrarmos a perfeição

a perfeição pode acontecer imediatamente em nós

e como a realidade não existe e sim insiste

é necessário insistir na realidade da perfeição da vida constantemente

sempre em mudança, em movimento e alinhada a potencia da vida

desinvestindo em nós a busca de sermos parte de uma massa

nossas ações serão outras, nossas emoções serão outras, nossa vida será outra

assim não precisaremos desejar a igualdade e sim afirmar e aceitar incondicionalmente as diferenças

assim não precisaremos de justiça, nem de leis eficientes, nem de policiais gentis

seremos livres


28.5.13

A PERFEIÇÃO DA VIDA!

não há duvidas que estamos melhorando!

melhorando o que está ruim...

melhorando uma cultura e um sistema, que gera impotência, desejo de poder (sobre os outros), de destruição de nossa existência plena

há tempos atrás, alguem que falasse algo subversivo ao sistema corria grande risco de ser torturado e até morto

melhoramos, não somos mais torturados e mortos pelo poder do sistema

pois o sistema está fortalecido e absorve a subversão, exemplo disso é a existencia do departamento de sustentabilidade dentro dos bancos! e daqui a pouco teremos escolas desescolarizadas...mas só na teoria

enquanto isso continuamos adoecendo, nos torturando e até morrendo por nosso modo de vida

na minha percepção a historia é assim:

somos seres biológicos e culturais

nossa biologia é criadora de cultura

cultura é um sistema fechado que nos permite o desenvolvimento de nossos processos

a pergunta é, por que criamos uma cultura que é anti biológica?

por que nossa condição biologia cria uma cultura que desinveste a própria existência?

pois estamos vivendo a cultura da doença, da necessidade de ter um "seguro saúde"; nos submetemos a trabalhos que não nos inspiram ou que não são frutos de nossa inspiração; estamos distante da natureza,  de nossa natureza; respiramos um ar de péssima qualidade, bebemos agua contaminada; sentimos dores nas costas, sentimos cansaço, preguiça; nos alimentamos de veneno; e já nem sabemos mais qual o nosso desejo mais latente

criamos essa cultura porque estamos biologicamente desequilibrados, descoordenados, porque desinvestimos nossos corpos

chamo de corpo a composição de muitas forças, emocionais, racionais, instintivas, intuitivas, cognitivas, anímicas, etc, etc

um corpo desequilibrado, descoordenado, impotente, cria uma cultura desequilibrada, descoordenada e impotente

enquanto não reorganizarmos nossa condição biológica, enquanto não colarmos nossa existência a sua força criadora (processo autopoetico), todas as mudanças em nossa cultura será só a melhora do que está ruim, e continuaremos a nos destruir, a perder a grande possibilidade da vida plena e potente

para isso precisamos trabalhar em nós e não na cultura

cada vez que trabalhamos a cultura isolada de seu criador (nós) alimentamos e melhoramos o que está ruim, investimos na sobrevivencia, e deixamos para trás a vida que não temos ideia que podemos viver

precisamos para de reclamar, de lutar, de nos colocarmos no lugar de vitima; precisamos assumir a responsabilidade e insistir na verdadeira mudança, aquela que transmuta, que muda o paradigma e devolve dignidade a vida

muita coisa a ser feita, muitas lutas e combates, mas em nós mesmos, reconstruir nossos corpos, liberar todas as forças que nos compõe

a vida é perfeita! um corpo desinvestido cria uma cultura destruidora do próprio corpo

um corpo investido criará uma cultura potencializadora desse corpo.

essa é a perfeição da vida!



23.5.13

VIDEO E ENCONTRO SOBRE DESESCOLARIZAÇÃO!

nesse proximo sabado dia 25, faremos um encontro em são paulo

deixo aqui o link com informações e um video introdutorio do encontro.


1.5.13

PRATICAS DIÁRIAS!

minha ausência aqui no blog acontece por que tenho acreditado mais na ação e menos na palavra

continuo lendo muito, adoro o exercício do pensamento, busco conhecimento

mas se cada coisa que aprendo não se transforma em ação real no momento presente, aquilo não me serve

falamos de mais, nosso conhecimento está refinadissimo, temos técnicas, escrevemos a respeito de coisas incríveis...

todos os dias leio frases revolucionarias que pessoas postam no facebook

mas na real, não mudamos nosso cotidiano, nossa cultura, nosso modo de pensar, sentir e agir a vida

então, pra que serve tanto conhecimento?

quando alguem me fala algo revolucionario e eu quero seguir a conversa para chegar na ação, logo vem a explicação, a reclamação, a justificação, do porque não é possível transmutar

e a culpa é sempre do outro, do governo com a suas leis, da sociedade que não muda, da realidade que é assim e pronto

e cheios de conhecimento, de frases feitas elaboradas, seguimos a vida acomodados na realidade pronta e limitadora

e assim nascem os inconformados, os rebeldes, os protestos...que alimentam essa realidade da qual nos queixamos

o que eu gostaria de compartilhar é que esse assunto que anda rolando por aí sobre "criação de realidade" é verdade

tenho experimentado isso, e funciona que é uma maravilha!

a mudança não está no outro, nem no governo, nem na sociedade, nem na realidade supostamente pronta

a mudança está em nós

e quando mudamos, tudo muda!

de verdade!

para mudar é necessário praticas diárias, praticas de mudança no nosso cotidiano, sim, eu estou dizendo que são praticas reais que precisamos fazer todos os dias

como o que eu acredito é na transmutação do poder para a potencia, eu invisto nas minhas praticas diárias corporais

o corpo é a potencia

não esse corpo que estamos acostumados a pensar

mas um corpo que é o todo, e como sabemos, o todo é mais do que a soma de suas partes

as partes são muitas, pois não temos ideia do que pode um corpo

as partes que eu poderia nomear para exemplificar, são: físico, emocional, cognitivo, energético, anímico, espiritual, instinto, intuição, mente, intelecto, consciente, inconsciente, sub-consciente, percepção sensorial, percepção cinestésica, e muitas outras "partes" inseparáveis que formam o todo, o corpo!

e se não temos todas as partes ativas, vivas, acordadas, não somos o todo

os bebês, as crianças pequenas, mesmo sem saberem de nada, estão inteiros em seus corpos

em nossa cultura, vamos desinvestindo "partes" do nosso todo, e assim crescemos pela metade, e se não temos o "todo" ativado, não temos corpo, só partes dele, nos tornamos impotentes, e por isso buscamos o poder

sabendo de tudo isso, e não querendo ser mais uma inconformada, ou reclamar para alguem o estrago que fizeram comigo, arregaço as mangas e crio praticas diárias para despertar todas as partes, as que conheço e as que desconheço, diariamente, para voltar a ser um corpo

posso compartilhar minhas praticas aqui, mas gostaria de deixar claro que essas não são as únicas praticas, e nem necessariamente as melhores, são as praticas que conheço, que me fazem sentido nesse momento, e são praticas que mudam, que estão sempre vivas, que não deixo virar habito

fique a vontade de experimenta-las e fique mais a vontade ainda de criar suas próprias praticas

o importante é que sejam feitas diariamente, pois nosso não-corpo está feito por praticas diárias, ações que nos reduzem a um corpo funcional, cultural, e aleijado

aqui vão algumas praticas diárias
(é interessante como muitas praticas se dão em 20 minutos...)

antes de levantar da cama, faço 20 minutos de palming (exercício para os olhos) e depois um rápido relaxamento no corpo todo (existem muitas técnicas para isso)

em jejum, ao levantar 20 minutos de oil pulling

depois faço uma sequência de energização e processos anímicos que, no momento, estou nas pratica que li no livro "a aura e os chakras, manual do proprietario"de karla mclaren

na sequência, 20 minutos de semi-supina, uma pratica da técnica alexander, da qual sou professora

varias vezes ao longo do dia, pratico exercício para os olhos desenvolvidos pelo Dr. Bates, nesse site tem bastante informações

pratico diariamente ho'oponopono

brinco com minhas filhas todos os dias

danço

fico 15 minutos me dedicando a não fazer nada!

e fico atenta para que nas praticas da nossa cultura, comer, tomar banho, trabalhar, pagar contas, arrumar a casa...deixem de ser funções simplesmente, pois aproveito para transmuta-las em ações, e não reduzi-las a obrigações que me afastaria de mim mesma

o interessante é que quando fazemos alguma pratica que desperta parte do nosso corpo, essa parte vai se incorporando a outras e cada vez mais sentimos o "todo", o corpo voltando a existir

brinquem com praticas, experimentem diariamente ações que criam novas realidades

voltem a ser um corpo

vamos viver intensamente, cheios de desejos e vontade de vida!




8.3.13

O GRANDE DESAFIO!

em nossa cultura patriarcal temos crescido, de modo geral, na ameaça

sem dar-se conta, pais e professores educam as crianças ameaçando-as para que se desenvolvam

dizemos: "come tudo, senão você não vai crescer", "faça isso senão você não ganha aquilo", "seja legal senão eu vou ficar chateada com você"...

outros, de modo menos sutil, já ouviram de seus professores: "assim você não vai passar de ano", "desse jeito você vai ser um fracassado", "aposto que daqui alguns anos vou te ver nas paginas policiais"...

entre nós, adultos, também trocamos ameaças, dizendo: "se nossa relação continuar assim vamos ter que dar um tempo", "se você continuar rendendo tão pouco nesse trabalho, vou ter que dispensar você"...

de modo mais agressivo, de modo mais gentil ou de modo mais explicativo, fomos educados, educamos e nos relacionamos através da ameaça

inclusive nos sentimos ameaçados por nossos filhos quando eles se atrevem a não nos obedecer e por isso reagimos com contra-ataque, e as vezes de modo bem deselegante

um dos recursos do poder é justamente a ameaça

a ameaça nos paralisa, estagna muitos fluxos - emocionais, racionais, intuitivos - gera doenças em nosso corpo, provoca ansiedade, panico, gastrite e muitos outros sintomas recorrentes nos dias de hoje, em todas as idades

queremos acreditar que o problema está no outro, que o outro precisa resolver nossa frustração, nosso medo, nossa confusão, nossa impotência

porem do mesmo modo que o outro não é a causa dos meus sofrimentos, a ameaça não precisa necessariamente me fazer sentir ameaçado

quando nos damos conta da ameaça como recurso do poder e transmutamos para potencia, a ameaça torna-se desafio

ao reconhecer uma ameaça, podemos transforma-la em desafio

o desafio libera fluxos, fortalece, potencializa

não precisamos nos blindar contra ameaças, precisamos saber transmuta-las em desafio

no desafio, já não creio que o outro é a causa do problema, e que o outro precisa mudar para que minhas emoções mudem

no desafio, eu assumo o que sinto, reconheço que eu produzo aquela emoção e que está em mim a chave da mudança

a relação com o outro pode despertar ou revelar o meu ressentimento, mas não introduziu nada em mim

exemplo pratico (adoramos um exemplo!)

outro dia ao assistir o documentario muito alem do peso (recomendo), senti-me ameaçada pelos vilões dos falsos alimentos industrializados, na ameaça, minha primeira reação foi querer matar o dono de alguma dessas empresas multi nacionais, tamanha a indignação e dor que senti

ao reconhecer que as emoções eram minhas, tirei elas da estagnação e coloquei-as em fluxo

em outras palavras, deixei de alimentar a reação das emoções, planejando um contra-ataque, e perguntei a mim mesma "qual é a sua parte nisso tudo", "qual a sua responsabilidade na sustentação desse modo de alimentar-se"

e por mais que eu seja considerada uma pessoa que cuida muito bem da alimentação, fui até a dispensa e a geladeira de casa e descartei 20% do que estava la

e desde então não consegui mais consumir alimentos industrializados

coisa que eu acharia impossível, e que tem sido mais fácil do que eu imaginava

a luta é em nós!

não precisamos destruir o poder fora de nós, precisamos desinvesti-lo em nós mesmos

não dependemos da atitude do outro, dependemos da nossa atitude, pois quando deixamos de investir (consumir, acreditar, usar) algo, aquilo perde força e morre, sem ameaças

esse é o grande desafio








16.2.13

A ARTE DA VIDA

eu acredito que cada um de nós tenha um modo de expressão, um talento, uma necessidade

podemos ser ator, pintor, poeta, dançarino, escultor, cozinheiro, educador, organizador, matemático, engenheiro, esportista, construtor, sonhador...

a expressão é nossa mídia, aquilo que com naturalidade brota em nós

mas a matéria prima de qualquer expressão é a própria vida

a vida de cada um de nós

nossa vida é autobiográfica

através do nosso modo de vida, nosso modo de pensar, sentir e agir, criamos quem somos nós, nossa matéria prima, que será apresentada através de nossa expressão, seja ela qual for

por isso, alem da expressão, precisamos investir no nosso modo de viver

em nossa matéria prima

fazer da vida uma obra prima

uma obra de arte

então não podemos gastar tempo e energia vivendo uma vidinha cotidiana a serviço de um sistema que não nos representa, que não nos considera uma obra singular, que não nos permite expressar nossos potenciais

não se distraia de si mesmo

a capacidade de existir como obra de arte está na própria natureza da vida, seja na vida animal, vegetal ou mineral

quem não se encanta com o aroma das plantas, suas cores, seus formatos

e com o brilho das pedras, sua força e encantamento

e com a beleza do porte animal, sua variedade, intensidade e singularidade

não é preciso nenhum esforço, a capacidade de ser obra prima já está na natureza, já está em nós

é preciso investir nessa divindade da vida

e assim nossa expressão, com sua matéria prima viva, fluirá intensamente, e dará a vida seu sentido próprio e sua necessidade de existência

não vamos perder tempo e energia alimentando nossos medos, nossas vidinhas medianas, nossa serventia a mediocridade do sistema que estamos sustentando

vamos investir na vida, na arte de viver, na expressão que existe em cada um de nós






1.2.13

CHEGOU O MOMENTO DA AÇÃO

talvez em um momento de fraqueza a humanidade sentiu o desejo de ter um estado para cuidar dela, achou que estava cansada da tarefa de assumir a responsabilidade por seu modo de pensar, sentir e existir na vida

e assim o estado assumiu o comando que lhe demos e nós nos tornamos um bando de irresponsáveis, sendo treinados para seguir ordens

todos falamos (ou pensamos) "só estou seguindo ordens" para justificar alguma ação questionável

como já faz um certo tempo que a humanidade criou o estado, nos acostumamos e acreditamos que esse é o único modo de vivermos em sociedade, e assim seguimos cúmplices desse modo de vida

o estado foi se refinando, se desenvolvendo e chegamos ao nosso governo pseudo-democrático

mas o estado, nosso governo, já provou que não é capaz de nos propiciar uma vida digna de ser chamada de vida

o governo não garante que uma gestante terá um parto digno e um inicio de vida humanizado para o bebê

o governo nem sabe o que é criar condições para que as crianças cresçam na potencia

não da mais para nos iludirmos que o governo irá garantir que não haverá nenhum veneno disfarçado de comida sendo vendido no supermercado

o governo é impotente por isso precisa tanto do poder

o governo é vergonhosamente, escandalosamente, escancaradamente corrupto

o governo não garante a segurança, não promove alegria, não gera vida

tenho a impressão que tudo isso está cada vez mais claro para todos nós

acho que estamos vivendo um grande momento da humanidade

arrisco a dizer que não vai demorar muito para desinvestirmos o governo

e voltarmos a sermos um bando de responsáveis e amantes da vida livre do estado

o momento é tão propicio que eu posso escrever isso sem correr risco de ser questionada pelo próprio governo

já conquistamos essa possibilidade, agora precisamos parar de reclamar do nosso governo, parar de exigir do governo o que é incapaz de fazer, parar de por a culpa em um governo falido e patético, parar de fazer o jogo do poder com rebeldia, com oposição e voltarmos para a potencia

desinvestir o que não nos interessa mais, pois assim as coisas morrem por si só, e nossa energia vai para o investimento do que realmente nos interessa

precisamos assumir o nosso modo de vida, a nossa responsabilidade e partir para a transmutação da nossa cultura

já sabemos demais

já podemos agir











4.1.13

DO MEIO DO CAMINHO PARA O CAMINHO DO MEIO


com a ameaça do fim do mundo, com a velocidade que os movimentos para mudanças estão ganhando, com a frustração do cotidiano medíocre e vazio que o sistema capitalismo tem oferecido...tem muita gente repensando seu modo de vida

mas não mudamos porque temos medo do desconhecido, que vem do desejo de controle e garantias que nossa cultura nos fez acreditar ser uma possibilidade

sim, acreditamos ter controle sobre a vida...

e quando a mudança é mais radical, sempre escutamos o bom conselho de escolher “o caminho do meio” para garantirmos pelo menos o equilíbrio como resultado

porém, em nosso modo de vida já habituado geralmente confundimos “o caminho do meio” com “o meio do caminho”

e assim ficamos estancados, no meio do caminho

não vai, nem racha - como diz o povo

vivemos com conhecimento, sonhos, idéias, imaginação de mais e ação de menos

no meio do caminho, começamos a justificar nossas ações e nossas não-ações pelo “bom senso”, outro engodo, que para mim está tão encrencado como o “senso comum”

hoje em dia queremos distinguir “senso comum” do “bom senso”, atribuindo ao primeiro o sentido de que só pensamos de um certo modo porque é comum pensar assim mas não porque é o real

acreditamos que no “senso comum” as pessoas vão criticar decisões que ameaçam o modo cotidiano de pensar/agir, mas com “bom senso” as pessoas poderão aceitar nossa decisão, apesar de diferente, basta para isso estar bem explicada, bem fundamentada,  preferencialmente com evidencias cientificas, tudo com muito bom senso

pois eu acho que o “bom senso” é tão empaca transmutações como o “senso comum”

porque ambos são baseados em explicações que se reduzem a nossa pratica de conhecimento e consciência

o modo potente de viver não está na representação de conhecimento e nem da consciência, e sim, na criação

a criação vai além do senso comum e do bom senso, além do conhecimento e da consciência, além e muito além do meio do caminho

é necessário criar o “caminho do meio”, ele não é um lugar pronto e determinado, nem com garantias e controlado, e seu equilíbrio é dinâmico e cheio de nuances

precisamos conquistar o gosto pelo risco para criar o “caminho do meio”, de outro modo, estaremos sempre estancados no meio do caminho onde sabe-se de mais e cria-se de menos, onde imagina-se de mais mas tudo continua igual

transmutar é desinvestir o senso comum assim como o bom senso, dar-se conta que o caminho do meio não é limitado pelo conforto e comodidade das garantias, porque só se conquista garantias na ilusão

transmutar é abrir-se para o risco de viver, criando a própria vida, como nossa obra prima singular, incomparavel, conectada as raízes da nossa existência potente

afinal já sabemos que o mundo não acaba, então nos resta criar o mundo novo