10.12.15

DESINVESTIR NO PARADIGMA!

sabemos que paradigma quer dizer "padrão", "modelo a ser seguido"

até então tenho usado o termo "mudança de paradigma" ou "quebra de paradigma" como porta de entrada dos nossos encontros onde experienciamos um deslocamento interno e percebemos um outro modo de pensar, sentir e agir as relações

sem duvida, em meus processos, vivo quebrando paradigmas

mas a quebradeira já não é necessária

depois de experienciar a possibilidade de viver sem padrão, sem modelo a ser seguido, sem referencias, chegou o momento de desinvestir o paradigma, onde não é mais preciso quebrar nada, porque não é necessário trocar um paradigma por outro

além do mais, esse termo já foi totalmente absorvido pelo discurso dentro do "velho paradigma", onde se fala sobre isso em contradição da ação que continua seguindo o mesmo padrão

esse padrão se mantém quando não se chega a raiz das crenças que o sustenta

tirar o filho da escola e seguir com as mesmas crenças, é manter o mesmo padrão, seguir o mesmo modelo, porque a escola continua em nós, continuamos com as mesmas crenças de que a criança precisa ser ensinada para aprender algo, de que é necessário estimulo para a criança se desenvolver...ou cria-se um "novo paradigma" onde o padrão será, "a criança precisa ficar livre, fazer o que quiser, não ser atrapalhada"

e assim continuamos distantes da criança, onde sempre colocamos algo entre o adulto e a criança, um padrão, um velho ou um novo paradigma

e continuamos distantes de nós mesmos, sem reconhecer nossos processos de auto criação constante em relação (autopoieses)

sair da instituição não garante nenhuma transmutação, pois a instituição já está dentro de nós, então nos tornamos autônomos e seguimos nos relacionando como instituição, planejando, buscando garantias, medindo resultados, organizando nossos conhecimentos em gráficos e power point

e mais uma vez continuamos distantes de nós mesmos, sem reconhecer nossos processos de auto criação constante em relação (autopoieses)...

não se transmuta somente com praticas, pois as ferramentas não garantem nada

é preciso ir além das ferramentas, das praticas, das palavras, dos conceitos, do conhecimento

chegar nas crenças, na crença raiz, testemunhar sua liberação e observar a mudança na emoção, na possibilidade de agir de outro modo, é um processo possível quando estamos dispostos a reconhecer que arriscar é inerente a vida

precisamos ganhar gosto pelo risco, pelo inédito que a presença nos apresenta

o fluxo da vida não é controlável, não dá garantias

não se entra no fluxo da vida através do planejamento, do controle, do conhecimento

nem controlando o controle

é necessário entregar-se

estar preparado para essa entrega

onde a criação se apresenta

onde nos criamos em relação

para que a criação aconteça é preciso desinvestir a intenção, o controle

mudar de paradigma não nos coloca em criação

ter ferramentas poderosas na liberação de fluxos, como a técnica alexander, a comunicação não violenta, o thetahealing, eft, hoponopono, taketina, meditações...que sem duvida são ferramentas preciosas para aprendermos a nos entregar e confiar na potencia da vida

porém nenhuma dessas técnicas garantem nada, pois é possível reduzir essas técnica aos condicionamentos, e nos tornarmos simples funcionários dessas técnicas, enquanto o fluxo da vida segue estagnado

e cada vez que mudamos de paradigma, trocando um padrão por outro, continuamos desqualificando a vida, sua potência e sua incondicionalidade

já caminhamos bastante no processo da humanidade, já nos encontramos com a possibilidade de viver em fluxo, podemos parar de criar novos paradigmas ou sustentar os velhos paradigmas

estamos prontos para isso

podemos nos render

nos entregarmos a vida

sem duvida, um grande risco