1.2.11

A ESCOLA QUE EU QUERO

com o assunto em alta, tenho sido muito perguntada sobre o homeschooling (ensino domiciliar) que está crescendo, ou aparecendo cada vez mais aqui no brasil.

meus filhos não estão em idade escolar obrigatória, por isso não vão a escola.
mas também não pratico o homeschooling.

homeschooling é a pratica de ensinar os filhos em casa substituindo a escola, com um currículo pré-determinado, rotina de estudo, matérias, baseado em um desenvolvimento linear.
por motivos religiosos, ou por desejo que seus filhos tenham um ensino otimizado, pais no mundo inteiro optam por essa possibilidade.
competem com as escolas, direcionando melhor o ensino de seus filhos, dando-lhes atenção exclusiva e os livram de situações inconvenientes permissivas nas escolas.

os pais brasileiros que foram denunciados pela pratica do homeschooling são acusados pelo crime de abandono intelectual.

se tem uma coisa que essas crianças não sofrem é o abandono intelectual.

essa é uma acusação esquizofrenica por parte da justiça, pois muitas crianças que frequentam escola sofrem abandono intelectual, abandono emocional, abandono social, abandono corporal, abandono familiar...

a escola não garante o desenvolvimento intelectual de todos os seus alunos, acho que nem preciso ficar exemplificando para provar isso.

outro grande equívoco é dizer que a escola promove o desenvolvimento social das crianças.
como podemos chamar de vida social quando as crianças na escola são estimuladas a serem competitivas, são comparadas umas as outras, tem seu contato espontâneo reduzido, são descriminadas, sentem-se ameaçadas, muitas vezes humilhadas; resultando em uma classe cheia de "panelinhas", de "bulling", de situações constrangedoras.
e a vilã da estoria não são as crianças, prova disso é que ainda insistem em serem colaboradoras umas das outras mas para a escola essa colaboração é chamada de "cola".

com toda vantagem do homeschooling eu não pretendo pratica-lo.
não creio que a criança tenha que ser direcionada em seu desenvolvimento através de matérias curriculares e ensino linear, acredito na inteligencia nata, na sensibilidade, na criatividade, e no desempenho corporal admirável das crianças.

por isso pratico o unschooling (desescolarização), sem currículo linear, sem rotina de estudo, sem testes ou avaliações, sem competir com o ensino escolar.
como gosto muito do ambiente comunitário, do desenvolvimento em grupo, da provocação do outro, a saída é criar uma escola desescolarizada.
uma escola onde as crianças se encontram, brincam e trabalham juntas, mas são vista de modo singular, são criadoras de seus projetos, são donas de seus tempos, de seus corpos, e assim aprendem a cada vez mais aproximarem-se de si mesmas, desenvolvendo o auto conhecimento, que paradoxalmente nos faz mais capazes de estar realmente com o outro.

essa escola precisa ser criada!

17 comentários:

William disse...

Uma alternativa aos currículos escolares padrões e ainda sim estar dentro da lei é procurar escolas com metodologias alternativas 'novas' ('ainda não difundidas' talvez seja melhor... rs).

Ainda não sei o quanto escolas que seguem pedagogias como a Waldorf realmente fazem valer o título, mas com certeza se fosse o caso de estar estudando o ensino do meu filho seria meu foco... o que você acha?

Deve conhecer, mas existe um federação de escolas que seguem a pedagogia Waldorf, no site deles tem uma lista de escolas afiliadas por todo o Brasil:

http://www.federacaoescolaswaldorf.org.br/

Até Mais!

Ana Thomaz disse...

oi William, eu tenho um filho que estudou da primeira a oitava serie no ensino waldorf. na inglaterra e no brasil.
rudolf steiner foi um homem absolutamente genial, e deixou estudos consistentes sobre educação, porem não é possivel copiar, é sempre necessario atualizar e criar mesmo que inspirado em algo ja existente.
o resultado é que é uma escola com pensamento e pratica de escola como qualquer outra, o professor ensina o que ja está estabelecido e o aluno independente de seus desejos tem que aprender, ou fingir que aprende.
não é a metodologia que faz a escola, mas o modo como as relações se dão.
vou elaborar um post mais completo para compartilhar minha experiencia waldorf, onde existe muita coisa para inspirar, para ser aplicada e para ser evitada.
abraço
ana

Ana Cristina Duarte disse...

se a escola aparecer, me avisa, por favor!!!
beijos!

Anônimo disse...

Oi Ana!

Moro em Florianópolis e sou pai de Nara Rosa, que está agora com 2 anos e oito meses

Constatei que, estranhamente, minha filha já está em "idade escolar". Todos os meus amigos que tem crianças na idade da minha filha (ou mesmo mais novos) já estão em escolinhas e creches.

As pessoas me perguntam (e quase chegam a cobrar) quando irei colocar minha filha na escola.

Espero que nunca...

Estamos aqui na batalha pelo direito de ser pais e educadores. Sem escola.

Abração
Gabriel

Ana Thomaz disse...

oi Gabriel,

Renata e eu estamos em contato, espero em breve visita-los para unirmos forças e compartilharmos nossas experiencias.

grande beijo
ana

Cristiane Iannacconi disse...

ótima postagem. me esclareceu muitas coisas.
vim indicada por uma amiga num grupo sobre a maternidade.
sou mãe de um mmenino de 2 e meio q não está na escola, nem foi à creche, nem é criado por babá. Me preocupo c o tipo de educação q posso lhe dar e estou refletindo sobree a questão escola.
Bj,
Cris

Ana Thomaz disse...

bem vinda Cristiane! venha nos nossos encontros!!!

Ana Cris, vamos ter que criar essa escola!!!

grande beijo

Renata Idargo disse...

Vamos criar?

Ana Thomaz disse...

oi Renata,
claro que vamos criar essa escola!!!!
te mandei um e-mail mas parece que voce não recebeu, talvez esteja com seu e-mail errado.
me escreve no anathomaz@terra.com.br para eu te mandar um e-mail?

venha no encontro em Piracaia! é um embrião da criação da nossa escola.

beijo

ana

Unknown disse...

essa escola precisa ser criada mesmo! urgente, mas ao mesmo tempo com solidez.
vambora :)

Martha disse...

Oi Ana,

Sou uma brasileira morando fora do Brasil, onde é legal - em todos os sentidos - não mandar os filhos à escola. Os meus têm 10 e 6 anos e nunca foram. Somos unschoolers.

Meus filhos adorariam morar no Brasil, mas seríamos uns fora-da-lei: eles não têm a menor intenção de serem escolarizados.

Sempre que procurei informação sobre homeschooling no Brasil aparece aquela figura medonha do J. Severo, então parabéns pelo blog. Vou acompanhar.

Heloisa disse...

Ola a todos,

Tambem sou brasileira, morando fora desse 2000, com duas filhas em idade escolar e praticando o unschooling.

Estou feliz com a iniciativa da Ana e sonho ha varios anos em criar uma escola desescolarizada no Brasil (regiao de Sao Lourenco, sul de MG).

Ana, parabens pelo blog e obrigada pela inspiracao e esperanca... Vamos manter contato, e se tiver algum evento em MG, vou gostar de participar.

Heloisa disse...

Ah esqueci de dizer que estamos voltando pro Brasil e gostaria de fazer contato com familias interessadas nessa ideia de criacao de uma escola mais livre (especialmente na regiao do sul de Minas). Por favor entrem em contato heloisadinsmore (arroba) gmail (ponto) com
Precisamos uns dos outros!
Abracos,
Heloisa

Pâmela disse...

Oi Ana! Será que a Escola da Ponte, em Portugal, não seria uma alternativa a este modelo muito rígido de escola que temos por aqui? Sou professora e fico um tanto incomodada como certas coisas são feitas na escola, apesar de ainda acreditar neste espaço. Acho, na verdade (ou por enquanto) que um mudança de significação, modelo, jeito seria uma ajuda e tanto para esta transformação necessária! Abraços

Ana Thomaz disse...

oi Pamela,

ontem a noite eu postei a respeito das escolas alternativas. Tenho grande admiração pela escola da Ponte e pelo trabalho de Jose Pacheco; mas estamos pensando ao inves de uma alternativa, poder criar algo que seja uma possibilidade ao alcance de todos, de qualquer classe social ou economica, ou qualquer parte do mundo.
uma sociedade desescolarizada, para criar uma sociedade escola!
beijo

Unknown disse...

Olá pessoal!
Gostaria de saber se a Heloisa que estava fora do Brasil voltou com os filhos e se deu o projeto de uma escola livre no sul de Minas como havia comentado.
E Ana querida, parabéns pelo seu trabalho e obrigada.
Estou precisando de ajuda/ orientação. Você está fixada em Piracaia na área rural?
Vamos nos falando.
Bj.

Licia disse...

Legal.
Sou professora Waldorf, casada com um ex aluno Waldorf e gostaria de compartilhar minha visão.
Concordo que a escola não tem sido o melhor lugar para educar crianças e adolescentes em nosso país. Nem a pública e tão pouco a particular que incentiva ainda mais esta competitividade e foca unicamente no ENEM e não no desenvolvimento total do ser humano. Esta tarefa é ardua, formar indivíduos independentes, capazes de pensar e criticar, com suas habilidades bem trabalhadas... Neste sentido não existe educação ideal, nem a oferecida pela instituição escolar nem pelos pais do aluno. Porém existem alternativas bem legais, como a escola da ponte e a pedagogia waldorf.
Nesta última a individualidade de seu filho será respeitada, seu desenvolvimento, sua personalidade, seus temperamentos... O currículo é trazido de forma lúdica, agregando à educação a essencia de cada disciplina, vivenciadas de forma plena. Obviamente é fundamental confiar na escola e no educador, e para isso sugiro que busquem se informar com outros pais e vá ter uma boa conversa com o professor. Se você ainda considera o ensino waldorf engessado ou antiquado, então você não conheceu uma boa escola Waldorf.