diferente do homeschooling e do unschooling, a desescolarização não tem como ação principal tirar os filhos da escola.
não ter os filhos na escola pode ser um movimento transitório até que seja criada a escola desescolarizada.
a escola desescolarizada só poderá existir com educadores e pais desescolarizados.
a desescolarização é uma mudança de paradigma, é quando paramos de pensar que "a vida é assim" e começamos a nos dar conta que "a vida é do modo que a criamos".
a mudança de paradigma pode se iniciar com as perguntas:
o que é educar? como ocorre a dinâmica aprender/ensinar?
o educar acontece através do convívio, nas relações, somos educados por nossos pais, por nossas comunidades, as relações interpessoais sempre nos ensinam algo, onde cada um confirma em seu viver o mundo que viveram em sua educação.
assim nossas tendências serão sempre conservadoras, que não mudam facilmente.
então seguimos com outra pergunta:
qual mundo queremos viver?
pois ensinamos como vivemos!
e como vivermos é como educaremos, e conservaremos esse modo de vida.
por isso não há possibilidade de transmutar a escolarização se o trabalho não for feito nos educadores e nos pais.
por mais que os educadores e pais estudem os pensadores da educação que nos encorajem a ter outro olhar sobre as crianças, isso não necessariamente trará a mudança de ação, pois na pratica agimos como nos estruturamos e não a partir de uma consciência, não basta saber e concordar com outro modo de ser, é necessário mudar nossa estrutura, nosso modo de sentir, pensar e agir a vida.
por isso, para que a trasmutação seja efetiva é necessário o trabalho em nós, adultos, educadores, nós temos que mudar nossos paradigmas e não achar que é possível viver de uma maneira e ensinar de outra.
um educador se auto educa, para ensinar de modo interpessoal um educando que também irá se auto educar.
não precisamos destruir a escola, mas transmutar a escolarização espartana em nós, para também transmutar nossas escolas que ainda seguem o modelo espartano e que conserva nosso modo de vida, mesmo naquilo que queremos mudar.
por isso as reformas não resultam como precisamos, porque só se melhora o que está bom, o que está ruim tem que transmutar.
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3 comentários:
Gostei, Ana! Você chegou a ler o Instead of education? O Holt no fim da vida se torna extremamente cético com relação à mudança na escola, justamente porque a mudança precisa vir das pessoas. Ele diz que em diversos movimentos as pessoas tentaram criar escolas diferentes, que funcionavam muito bem, melhor que as escolas tradicionais, mas em todas elas, em algum momento, os pais e a sociedade cobraram que elas voltassem a funcionar como escolas tradicionais. Vivemos num mundo em que há pouco espaço para as crianças, as pessoas em geral não gostam de crianças a não ser que estejam caladas e quietas (ou seja, que não se comportem como crianças!). E enquanto os pais acreditarem que seus filhos precisam ser disciplinados, que precisam de currículos e diplomas para arrumarem trabalhos que eles detestam mas ganham um bom salário, enquanto isso for o que importa para as pessoas, acho que as escolas não poderão mudar...
Beijos!
Quero dizer que gostei muito do post e do blog, e como professora e mãe eu concordo muito com a desescolarização.
Só gostaria de discordar do uso pejorativo do termo "educação espartana". A educação que temos hoje em dia é baseada na visão da escolástica da idade média.
A educação helênica via sim o educando com severas obrigações com a polis, mas também previa uma educação que estava integrada à vida, como algo natural, e que buscava acima de tudo que cada pessoa fosse autônoma e capaz de tomar as próprias decisões.
A escolástica foi um rompimento com o pensar a educação de maneira helênica. Acho bastante triste ver o termo"educação espartana" usado de forma pejorativa e em nada relacionada com aquilo que representa na realidade.
A excessãopelo uso ruim do termo,continue como bom trabalho!
grata Filhote de Lua (desculpe não sei seu nome).
eu adoraria poder estudar sobre a origem do nosso sistema educacional, se voce puder me indicar algo para ler, ou poderiamos nos encontrar para falarmos a respeito. Cheguei ao termo educação espartana porque em uma palestra com um historiador eu fiz a pergunta sobre o sistema que seguimos. Ele me disse que havia o sistema de Athenas e o de Esparta. Em Esparta eles estavam preparando soldados, e desenvolveram um sistema para isso. Depois a igreja se apropriou do sistema e usou a escola para preparar cristãos, depois a industria fez isso, o capitalismo, as ditaduras, a democracia, e assim por diante. A ideia de educação espartana simboliza ter algo pre determinado para transformar seres humanos em algo desejado. Adoraria saber mais sobre a educação escolastica da idade media e a origem de dessa estrutura que conservamos até hoje.
Se puder me ajudar meu e-mail é anathomaz@terra.com.br.
muito grata, grande abraço
ana
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