estamos livres dentro da prisão da cultura patriarcal
podemos escolher como viver, como educar nossos filhos, como parir, como sepultar nossos mortos, ser religioso ou ateísta...estamos livres para escolher como viver, dentro da prisão da cultura patriarcal
por isso nossas escolhas são tão reducionistas
por isso as mudanças são tão conflituosas
estamos sempre em reforma e somente em reforma
porque vivemos nossas vidas cotidianas sustentando a cultura patriarcal
mudamos, mas não transmutamos
como define humberto maturana, a cultura patriarcal se caracteriza pela competição, pela luta, pelas hierarquias, pela autoridade, pelo poder, pelo crescimento, pela apropriação de recursos, pela justificação racional do controle e da dominação dos outros por meio da apropriação da verdade (pelo conhecimento)...
e esses continuam sendo nossos valores, de modo mais grosseiro ou mais refinado
ou não falamos em lutar por um mundo melhor? em fazer bom uso do poder? em educar nossos filhos para serem alguem na vida? em querer usar o nosso conhecimento e capacidade intelectual para convencer alguem a pensar do modo que acreditamos ser o melhor para todos?
na nossa cultura patriarcal não aceitamos os desacordos como situações legitimas, se há desacordo há rompimento...
então o que estamos fazendo? mudando o método de ensino? tirando os filhos da escola? parindo em partos humanizados? criando rituais? tudo isso e muito mais sem abrir mão da cultura patriarcal
deixamos de lado as instituições e imediatamente criamos outra
por isso estamos em crise
não da para querer continuar a vida do mesmo modo e ao mesmo tempo querer que tudo mude e simplesmente fique melhor
a necessidade genuína de uma mudança na educação de nossos filhos, na mudança no modo de nascer e morrer, na mudança de vida implica em ir além da liberdade dentro da cultura patriarcal
uma nova cultura precisa ser criada para sairmos desse lugar tão desconfortável e conflituoso
quem cria e sustenta uma cultura é cada um de nós
a criação de uma cultura começa em cada um de nós, independente de uma sociedade
somos criadores de realidade, se criamos em cada um de nós uma nova cultura, essa cultura surgirá
se queremos viver em colaboração, temos que deixar de viver em competição, simples assim, nem mesmo competir com o velho paradigma, e vivendo em colaboração criamos um modo de vida colaborador
por isso que o trabalho é em cada um de nós e não no mundo
em cada um de nós e com o mundo
esse cada um de nós que está dentro e fora ao mesmo tempo
esse cada um de nós que surge nas relações
não se transmuta no isolamento
se transmuta no cotidiano, em ato, no acontecimento
não é no futuro
se transmuta hoje e agora, é só exercitar, insistir, ficar atento, confiar na capacidade de amar incondicionalmente e aos pouco o mundo vai clareando, a realidade vai sendo criada, e a vida torna-se necessária e cheia de sentido
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3 comentários:
uau ana.
sem palavras.
ê! lindo!
Obrigada por essa inspiradora reflexão!!!
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