inicio de ano escuta-se com mais frequência sobre tentar viver de modo mais equilibrado.
mas quando escutamos com mais atenção percebemos que ao invés de uma vida equilibrada, a busca é por compensações.
continua-se com o mesmo modo de vida, os mesmos valores, os mesmos objetivos, os mesmos pensamentos, porem com praticas que da a sensação de nos aproximarmos da natureza da vida.
todas as praticas alternativas acabam funcionando de forma paliativa; não há transformação, só compensação.
assim como tirar férias um mês por ano; trabalhar a vida toda para poder se aposentar; fazer primeiro as obrigações para então dedicar-se ao prazer; garantir um emprego seguro para depois pensar em atender aquele desejo enorme de fazer algo que não é considerado no mercado de trabalho.
será que da para chamar isso de equilíbrio?
ou seria mais pertinente chamar isso de contradições de nosso modo de vida!
vivemos distantes de nossa natureza corporal, potencial e social.
nosso corpo tem suas leis próprias, mas nossas ações não a percebem mais, pois colapsamos nossa coluna que nos sustenta, enrijecemos nossas articulações e fixamos, através de hábitos, o que deveria estar em constante transformação.
ao invés de desenvolvermos nossas potencias, servimos a um sistema que nos determina de fora.
vivemos socialmente fora da vida comunitária.
e assim seguimos, completamente afastados de nós mesmos e mergulhando em vivência que nos da a falsa sensação de transformação.
me faz lembrar do dia em que procurei uma grande pianista que também dava aulas de piano, disse que tinha um filho de 9 anos com facilidade musical e que gostaria que ele tivesse aulas com ela; muito calejada ela me respondeu que não dava mais aulas para crianças ou adolescentes, para ser seu aluno a pessoa deveria ir as aulas por decisão própria e que não dependesse mais de um adulto; e me explicou o quão frustrante era ver uma criança super envolvida com a musica decidida a seguir a carreira de musico, para desespero dos pais, que diziam que já era hora de parar com a musica para poder pensar em uma profissão de verdade que pudesse garantir o futuro.
assim agem os adultos em relação as crianças, da mesma forma que os adultos tratam seus próprios sonhos e desejos.
para compensar nosso afastamento de nossa natureza, nos envolvemos em rituais, praticas, vivências que com suas alegorias nos faz sentir um pouco mais dedicados a nós mesmos e a capacidade de ser parte de uma natureza.
se precisamos de algo para nos aproximar da sensação da vida é porque estamos vivendo bem longe dela.
a transmutação nos convida a transformar o modo que vemos, sentimos e agimos na vida.
uma mudança radical, mas extremamente necessária para sair desse ciclo esquisofrenico que vivemos.
reencontrar a potencia do corpo, do pensamento e do desejo.
parar de acreditar que a desconexão que vivemos no dia a dia é normal.
nosso sistema educacional é absurdo, nossas relações sociais são limitadissimas, nosso modo alimentar é critico, nossa capacidade de dedicarmos uma vida a um trabalho que nos distancia de nós mesmos é doentil.
enquanto isso a gente vai se enganando com ingenuos desejos de feliz ano novo!
transmutemos, então todos os dias serão intensamente alegres e necessários!!!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Agora que surgiu meu filho em minha vida, tenho enxergado cada vez melhor isto que você diz. E estou segura de que a partir de agora irei trilhar novos caminhos!
Grande beijo e obrigada pela inspiração de sempre. Não foi o simples acaso que a colocou em meu caminho.
Franca você, heim. E certissima. Tenho pensando cada vez mais assim e percebo muita dificultade (interna mesmo) em lutar contra tudo isso, enraizado em nossa forma de vida. Uma lástima, o que nós, seres humanos fazemos com nós mesmo.... uma lástima.
Quando um fenômeno é naturalizado deixa-se de ter a crítica, a reflexão sobre ele. Passa-se a viver no automático confirmando e mantendo o que é estabelecido socialmente como "normal".
Postar um comentário