vamos a pratica
eu acredito que só poderei compartilhar o meu processo, pois não ha regras a serem seguidas muito menos formulas que garantem qualquer sucesso
de uma certo modo, essa pratica está descrita em varios posts desse blog, mas vamos a exemplos que talvez possam encorajar a que cada um crie sua propria pratica
dia desses eu estava no sitio com minhas filhas, na hora de dormir, descemos para nosso quarto que fica afastado da casa principal, porem antes de descer minha filha tinha me pedido para escolher um lençol bem lindo para colocar na cama dela, ela escolheu tres lençois, eu expliquei que ela precisaria só de dois e entendi que ela tinha escolhido dois daqueles tres, mas quando chegamos no quarto ela ficou furiosa porque eu só tinha levado dois lençois, e como eu não iria voltar até a casa principal para buscar mais um lençol, ela teve um ataque daqueles bem poderosos...
eu decidi investir na potencia e não no poder
isso quer dizer, trabalhar em mim, na minha potencia e não sobre minha filha, testando a força do meu poder
fiquei bem presente, atenta a ela e percebendo como me sentia diante daquela situação, me dei conta da minha frustração por ter uma filha que estava chorando sem nenhum motivo legitimo
e assim inverti o problema para mim: meu problema era ter uma filha que não estava me fazendo sentir ser uma mãe maravilhosa...meu problema era que minha filha não pensava e não sentia como eu gostaria que ela sentisse e pensasse...meu problema era...
e assim, assumindo meus problemas, percebi que não precisava desses problemas, minha filha não precisava me fazer sentir uma mãe maravilhosa e assim por diante
no meio desse processo (que duram minutos) me vejo tentando descobrir qual seria o real motivo para minha filha estar tendo aquele ataque, e então me vejo transformando algo
para mim não era, pelo menos naquele momento, importante descobrir de quem ou do que era a culpa do estado em que ela se encontrava, então decidi saber o que era importante para mim viver aquela situação, o que estava acontecendo ali comigo; de um certo modo, poderia dizer que eu teria que aproveitar essa provocação, essa situação, para trabalhar o que em mim estava se apresentando
enquanto eu fazia todo esse trabalho interno, me mantive atenta a ela, não tinha abandonado o acontecimento, estava ali, presente, e assim que ela soltou um grito mais fragil, instintivamente, ofereci colo para ela, que foi aceito imediatamente, e deitamos na minha cama, juntas em silencio
logo em seguida ela solta um suspiro aliviada e diz: "caramba, acho que eu não ia sair dessa sem a sua ajuda!"
eu continuei em silencio, mesmo porque não tinha ideia do que falar
na sequencia ela levantou muito animada e disse: "hoje eu vou dormir sozinha, vou para minha cama, vou fechar meus olhos e dormir...boa noite mãe, durma bem, tenha lindos sonhos", me disse aquela menina totalmente lucida
foi para sua cama, fechou os olhos e dormiu
no dia seguinte acordou dizendo: "mãe, voce viu que deu certo, fechei meus olhos e encontrei o sono sem precisar de ajuda"
naquela noite, minha outra filha resolveu que era seu momento de catarse
sem nenhum motivo legitimo (para minha percepção) antes de dormir, ela soltou sua insatisfação, aos gritos...la vou eu, de novo, entrar em contato com o que eu sinto, o que pode me apresentar aquela situação, sem ter ideia de qualquer coisa que eu poderia fazer para ela, sempre presente e atenta a minha filha, porem só pensando em mim
me encontrei com muitas coisas em mim, coloquei minhas emoções para fluirem, me livrei de algumas encrencas internas, mas em nenhum momento surgiu a possibilidade de acudi-la, pois não era o que ela queria, aceitei que ela queria chorar um pouco mais e sozinha
diminui as luzes do quarto, me deitei no outro canto da cama, senti uma paz interna que me dava a possibilidade de apoiar o choro de minha filha sem ter nada mais para fazer
estava pronta para escuta-la chorando a noite toda, pois me sentia tranquila e o caminho livre para trabalhar sobre minhas emoções
mas logo, ela que estava deitada sozinha, no cantinho da minha cama, foi parando de chorar e caiu no sono
só quando ela ja estava dormindo, coloquei ela em sua cama, e fiquei ali, abraçada a ela e muito alegre por ser mãe daquela menina
dia seguinte ela acorda e diz: "voce achou que eu fosse ficar chorando e nunca mais dormir? mas nunca a gente chora pra sempre"
desde então não tivemos outros momentos catarticos aqui em casa, mas não faltam oportunidades para trabalhar a potencia nas pequenas provocações diarias
resumindo o processo:
a provocação acontece, esteja presente, fique em contato com o acontecimento, perceba seu estado fisico e emocional, perceba que provavelmente não é aquela pessoa só que está com problemas, mas voce também se encontrará com sua emoções que estão ali, bem guardadas, e que se apresentam disfarçadas com o problema do outro
ninguem é capaz de nos fazer sentir algo, nós sentimos aquilo que ja temos dentro de nós, e esses sentimentos, que ao longo da vida tornam-se ressentimentos, são o que nos determinam, isso é, diante de uma situação não conseguimos lidar com a situação em si, mas sim com nosso ressentimento
niestzsche diz que todas as nossas doenças, fisicas e emocionais, iniciam-se no ressentimento
grande oportunidade ter filhos para revelarem nossos ressentimentos mais secretos, para termos a possibilidade de coloca-los para fluir, transmuta-los e assim seguir com a vida mais saudavel e alegre
e quanto aos nossos filhos, seremos testemunhas do desenvolvimento de suas potencias, e certamente, eles serão inspirados por presenciarem o desenvolvimento de nossas potencias, bem ali, diante deles
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6 comentários:
que satisfação poder acompanhar vc e seus processos por estre blog tb
estamos tendo sucesso aqui em casa tb, meu filho tem se sentido cada vez mais capaz
eu disse a ele que ele é como um estilingue e que as pressões são o impulso para o potencial dele o leve para onde ele quer e pode chegar
muitos beijos e gratidão a vc e sua família
Ana, confesso, não consigo sempre. Mas é incrivelmente especial quando o processo acontece comigo e meu filhotinho mais velho. Acredito que cada um tem o filho que precisa ter e fico encantada com as provocações trazidas pelo meu. A petica de 10 meses tem outro jeito de provocar, já deu prá perceber "a dela". OUtro dia ouvi um pregador, de quem gosto muito, dizer que os filhos são o grande instrumento para nos desconstruir e construir e que quem não os tem precisa encontrar uma forma de se doar a outros para sentir os mesmos efeitos. Obrigada por compartilhar.
Ana, que delícia esses textos! Continue sempre partilhando aqui teus estudos, please?
Qualquer hora quero revê-la pessoalmente.
Abraçoo!
Oi Ana, sou de São José do Rio Preto,e gostaria de fazer o curso da Técnica Alexander e, como moro no interior, fica inviável estar aí 1 vez por semana para participar das aulas (inclusive minha irmã Clarissa, mãe do Miguel, me disse que deve começar a frequentar o curso). Vc poderia me indicar alguém na minha região? Ou me passar algumas informações através dela? Obrigada, bjs. Denise
Acho que vou ler esse texto todo dia pra ver se eu acordo !!!!
saudads fer
Nossa, nem acredito que só agora descobri você! Através do canal do YouTube CO-MO-VER com MC & Amigos, assisti à sua entrevista: Uma vida sem escola, e estou... maravilhada. Maravilhada!
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