11.11.13

VIVER NO PRESENTE!


estamos bem distantes do que podemos ser
porque estamos segmentados
estamos fragmentados
poderia dizer até aleijados
certamente em relação ao nosso corpo
a nossa capacidade cognitiva
e a nossa condição emocional

para dar-se conta de um corpo desconectado, fique em pé e sinta se você joga o peso do seu corpo nas pernas e nos pés, ou continue sentado e sinta se você joga seu corpo na cadeira...se sim, seu corpo realmente está distante do que poderia ser
veja uma criança começando a andar e repare que ela não coloca seu peso nas pernas e nos pés
ou olhe a criança pequena quando senta, ela não se joga no encosto da cadeira

para dar-se conta de um cognitivo reduzido veja se sua intuição, seu instinto, sua percepção, sua sensação, tem o mesmo valor que sua razão
você reconhece que aprende coisas importantíssimas sem saber como e nem de onde elas surgiram?
se não, seu cognitivo está distante do que poderia ser, está fragmentado e investindo somente nos 5% consciente e desinvestindo os 95% que são inconsciente.

e para dar-se conta das emoções estagnadas perceba se você fica ressentido, magoado, e guarda na memoria suas emoções negativas, se sim, seu fluxo emocional está estagnado, por isso bem distante do que poderia ser; livre, fluido e o motor para ações concretas, praticas e construtivas, independente da emoção ser alegria ou raiva

citei a criança pequena como exemplo de bom uso do corpo, porque ela não joga seu peso para as pernas, pois é anti anatômico jogar o peso de um corpo em cima de três articulações enormes que estão la para liberarem nossos movimentos

do mesmo modo, a criança pequena aprende sem nem saber como ou por onde, mas aprende, não imita somente, aprende mesmo e sempre surpreende os adultos que vivem com ela, porque realmente não temos idéia de como ela aprende muitas coisas 
é que quando temos o cognitivo pleno o aprendizado acontece assim, por todos os poros

e alguem já viu uma criança pequena se ressentir?
ela pode ficar extremamente chateada por alguma ação (ou não ação) dos pais, por exemplo, mas não demora muito para ela zerar qualquer emoção e seguir confiando plenamente em seus pais

vou mudar um pouco o assunto, mas já volto nesse acima

chegamos ao seculo 21 e já escutamos que aprender a viver no presente é o que realmente importa
pessoas meditam uma vida inteira para conseguirem estar no presente
já sabemos que esse vazio que sentimos, essa incompletude que nos faz correr atrás de coisas, de reconhecimento, de sucesso, de dinheiro, de amor, de paz...é uma ilusão, pois podemos nos dedicar uma vida inteira a isso, e nunca termos a sensação de que “chegamos la”, a não ser em pequenos momentos de grande ilusão onde uma conquista nos faz sentirmos vitoriosos, mas seu prazo de validade vence logo

então volto para a criança pequena e percebo que alem de ser um corpo inteiro, um cognitivo pleno e emoções fluidas, ela é uma especialista em viver no presente

ela brinca como se não houvesse amanhã
controi e destrói com a mesma importância
experimenta e experiência sem acumular
e quando volta para a mesma experiência, é tudo diferente, é de novo no presente

estou acreditando que a capacidade de estar no presente está intimamente conectada com a condição de ter corpo integro, cognitivo pleno e emoções fluidas

talvez seja por isso que as praticas que tanto buscamos e nos dedicamos para sairmos desse buraco em que nos metemos, tem um efeito ínfimo no dia a dia

nenhuma pratica nos garante a transmutação
posso meditar, fazer yoga, fazer jejum, ler autores inspiradores, viajar o mundo, adquirir conhecimento... mas na pratica, no dia a dia, a mudança é muito pequena
continuo criando um buraco insaciável em mim, e me torno uma buscadora, sigo com o vazio e acreditando que no futuro poderei preenche-lo, e assim viro uma profissional em fazer workshops na esperança de estar pronta para quando o futuro chegar

porque todas essas experiências mesmo que maravilhosas estão sendo vivenciadas por alguem com o corpo desconectado, com o cognitivo fragmentado e com as emoções estagnadas

então, mesmo tendo consciência de que o ideal seria viver de um determinado modo (diferente do atual), continuamos vivendo do jeitão de sempre, talvez com uma capacidade de explicação mais elaborada, ou talvez com culpa, ou ainda acreditando que não chegou o momento da virada, ou porque ainda acha que está se preparando, mas um dia...

porem, a transmutação não acontece porque o corpo e tudo o que lhe compõe, continua sendo o mesmo de sempre, desconectado, reduzido e estagnado

a natureza é clara
não posso criar a realidade que quero ou que sei
só posso criar a realidade que sou

assim afirmamos a perfeição da natureza, estamos vendo que uma sociedade de corpos desconectados, cognitivo reduzido, emoções estagnadas, cria suas realidades de acordo com esses estados

temos a sociedade que merecemos, reflexo do que somos

por isso o trabalho tem que ser feito em nós, vamos parar de perder tempo e nos distrairmos com a ilusão de mudar o mundo

vamos mudar a nós mesmos!

vamos transmutar!

só o conhecimento não basta, precisamos agir, e nossas ações são determinadas por nossas emoções e não por nossos conhecimentos.

vamos reconquistar nossos corpos, vamos ampliar nossa capacidade cognitiva, vamos fluir nossas emoções

não temos ideia do que podemos, somos e podemos muito mais do que imaginamos 




19 comentários:

Farah Diba Albuquerque disse...

Gratidão <3

Marcelo Michelsohn disse...

Oi Ana, acredito que você traduziu um anseio (estarmos presentes) e as estratégias (fazer Yoga, meditação, workshops mil) de muitos de nós. Com certeza, minhas. Obrigado por trazer a consciência. Tenho algumas perguntas: 1- sinto que há uma hierarquia: só com o corpo conectado as emoções vão fluir e o cognitivo será ampliado. É isso mesmo? O trabalho deve começar pelo corpo ou é tudo ao mesmo tempo agora? A segunda pergunta é: além da Técnica Alexander, que outras práticas você conhece que ajudam a reconectar o corpo e quais aquelas que parecem reconectar mas que, depois de 5 minutos, seus efeitos somem? Beijo, Marcelo

luiza sousa disse...

Estava com saudades das postagens no seu blog! Muito bom! Obrigada.

Bel Paranhos disse...

Que presente no dia do meu aniversário. Gratidão Ana pelas palavras, agora vou ali transmutar !

Mariana disse...

Obrigada pelo texto!

Maria Julia disse...

adoro seus textos!! e adoraria ver as perguntas do marcelo michelsohn respondidas!! : ) com sua experiência,o que conecta nossos corpos? que praticas nos ajudam a fluir as emoções? como apmliar nosso cognitivo?
Muito obrigada!


Anônimo disse...

Acabei de te conhecer através de um vídeo seu, sobre "desescolarização", fiquei encantada e corri pra ver teu blog, amei este texto!

Nara disse...

sim, vamos nos conectar!!
Que bom...saudades querida!!
Um beijoo

Ana Thomaz disse...

oi Marcelo, não existe essa hierarquia nem a garantia de nada, o corpo precisa se conectar, mas pode ser que com o corpo conectado a gente insista em manter estagnada as emoções.
Outras pessoas me mandaram questões no mesmo sentido das suas.
Vou escrever um post desenvolvendo o assunto.
Mas ja adianto que o trabalho é no dia a dia, sabendo que nossas ações acontecem de acordo com nossas emoções. E costumamos segurar as emoções ja conhecidas, o famoso ressentimento. E mesmo sabendo que deveriamos ter outra atitude, quando nos damos conta ja estamos fazendo a mesma coisa de sempre.
Mas prometo desenvolver o assunto.
beijo

Tatiana disse...

Ana, você é muito sábia. Obrigada. É isso mesmo. Não podemos deixar tudo para a consciência, que como disse no post é 5% apenas da nossa capacidade cognitiva. Volto sempre aos mesmos padrões de pensamentos e ações, mesmo sabendo o que seria de fato melhor para mim (algo como uma intuição)... como deixar fluir as emoções no dia-a-dia? como fazer diferente? como podemos estar mais abertos? Obrigada, Obrigada pelas palavras

Larissa disse...

e o método montessori, o que você acha?

Maria Emília disse...

Olá Ana, texto interessantíssimo, concordo plenamente com você (aliás estou conhecendo o blog e achando muitas coisas bem interessantes!). Acredito que corpo, cognição e emoção caminham entrelaçados, são uma coisa só, nós. Práticas como Alexander ajudam a nos conectar conosco e vivermos no momento presente com completude, porém acredito que outras práticas ajudam muito: a meditação ajuda sim a olhar para nós com responsabilidade e clareza, elevando a mente e ensinando a fazer isto em pequenas tarefas do dia a dia; a yoga ajuda sim a nos conectar conosco e mantermos o corpo e o espírito saudáveis, possíveis de vivenciar emoções e aprendizado de forma mais "livre", assim como o método Alexander o outros práticas; e livros ou ensinamentos de mestres ajudam a buscar o conhecimento e encontrar ressoantes dentro de nós mesmos, naquele inconsciente que habita todos nós, naquele lugar secreto que vez em quando nós acessamos e nos surpreendemos com a força de sua verdade. Enfim, opinião de uma praticante do que pode um dia ajudar a humanidade a se transformar, partindo de dentro de cada um de nós!

Ana Thomaz disse...

ola Maria Emilia, grata pela mensagem!
eu tambem acredito que existam infinitas possibilidades para conseguirmos nos reconectar com o presente, pois essa capacidade esta no ser humano e nao eh exclusividade de nenhuma tecnica, que podem somente serem pontes para essa condicao.
grande beijo

Ana Thomaz disse...

oi Larissa, eu admiro muito a pesquisa de Maria Montessori, mas nao conheco as escolas e suas praticas.

Ana Thomaz disse...

oi Tatiana, essa eh nossa questao central, como voltar a fluir as emocoes? nao existe receita para isso, existem praticas, sem duvida, mas tudo depende da nossa vontade de realmente abrir mao das emocoes estagnadas, e nem sempre estamos dispostos a para de ressentir.
Podemos nos inspirar nas criancas que rapidamente deixam as emocoes fluirem, elas nao ficam investindo no ressentimento; ficam bravas e em um minutos podem deixar de ficar. Ja os adultos, aprenderam a se apegar as emocoes e muitas vezes passam uma vida inteira bravos com alguma coisa...
Essa eh uma grande mudanca de paradigma, desinvestir o ressentimento e investir na acao!
beijo

Unknown disse...

ah, Ana!!!! Que bom texto, em boa hora para mim. que vontade de reencontrar vcs. quando der, será. Beijos de toda nossa família-aldeia, gostamos muito da de vcs!

Unknown disse...

Ah, não assinei. Foi a marta que escreveu o comentário acima!

Isis Maria disse...

Deixar fluir, estar no presente, reconectar.
Acabo de fazer um curso de conexão entre pais e filhos com o Marcelo, o mesmo que faz perguntas aqui e tudo é responsabilidade e vontade nossa. A nossa disposição de mudar, de estar aberto, de entender que é preciso paciência e amor pra estar no presente.
Gratidão Ana pelo belo texto!

viva cerâmica disse...

Disse tudo! Obrigada.