23.6.15

RELAÇÕES INTIMAS!

depois da noite transmutadora que vivi, contada no post anterior, começaram a sair feridas pelo meu corpo, elas inflamaram, infeccionaram…
comecei a perceber que estava em um processo de limpeza, provavelmente me intoxiquei com algum alimento, mas sei que o que vem de fora só se desenvolve caso haja um campo propicio interno, me dou conta que meu corpo está totalmente ácido e começo a pensar o que deixaria um corpo ácido sem que se tenha mudado a alimentação, e compreendo que 
as emoções podem acidificar o sangue…
tento entrar em contato com que emoção está me acidificando, 
descubro uma tristeza…
lembro-me do filme do sebastião salgado e de sua história onde de tanto ver cenas tristes e entrar em contato com a morte seu corpo produziu uma doença auto-imune que foi gerando uma auto destruição…
penso nas tantas histórias tristes que me contam pessoalmente, por email, por telefone, as histórias que vivi, como a necessidade de encerrar o processo da escola rural que estava indo tão bem mas a nova direção da escola falou claramente que acima do interesse na educação estava o cumprir as leis e tomaram varias atitudes que demonstraram claramente que as leis não estão preocupadas com a educação de crianças reais, 
que tristeza; 
outras histórias de pessoas que estão se sentindo perdidas com seus filhos, com suas escolhas, crianças sendo medicadas, pessoas completamente desconectadas, 
adultos totalmente infantilizados…
nas minhas observações começo a reconhecer o ódio que os pais sentem por seus filhos, sei que a palavra é forte, mas é isso mesmo, ódio que aparentemente caminha lado a lado com o que chamamos de amor, mas o oposto do amor não é o ódio e sim a condicionalidade, 
pais condicionam seus filhos e se eles                                não correspondem geram em seus pais 
uma impotência, uma frustração, um ódio... 
e quando se arrependem ou sentem seus filhos correspondendo às suas condicionalidades 
sentem piedade, isso sim é o oposto do ódio… 
pais irônicos com seus filhos, que desqualificam seus desejos e pensamentos cada vez que os filhos não correspondem suas expectativas, pais que sentem vontade de bater, de castigar, de se vingar disfarçado na ideia de que está educando aquela criança para o convívio social, 
pais que acham bom a criança aprender desde cedo que a vida é sofrida e que é preciso ser forte, e acreditam que ser forte é ter poder sobre os outros, 
outro dia uma mãe reclamava por achar sua filha muito boazinha, tinha pena da menina prevendo que em um mundo tão cruel sua filha iria sofrer muito,
 e que ela precisaria ensinar a filha a 
ser mais egoísta e mais vingativa…
essa semana também ouvi uma mãe adotiva dizer que estava decidida a entregar seu filho, pois queria deixar de ser mãe dele, certamente ele não correspondia aos seus ideais de mãe que sonhou e desejou há 10 anos, 
ao adotar essa criança…
a tristeza também se apresenta na fantasia idealizada, 
famílias que estão vivendo a infantocracia, seus filhos são o centro da família e toda dedicação e sacrifício é para cria-los para serem pessoas felizes, uma expectativa pesada demais para qualquer criança carregar, tanta dedicação ainda custará muito para essas crianças/adultos…
também vejo entre os casais um ódio que se apresenta quando um deles tem o prazer de desqualificar o outro na frente dos amigos, em forma de piadas, de discussões ou até em brigas, 
e sabe-se lá o que acontece em suas intimidades

sem duvida eu estou muito ácida!

mas depois de reconhecer tudo isso, decidi limpar essa tristeza de dentro de mim, 
e aprender com esse processo o que realmente importa

  tudo isso está me trazendo uma clareza para a preparação para viver uma vida mais comunitária pois é o que muita gente tem procurado para poder 
criar seus filhos como diz o ditado 
“para criar uma criança é necessário uma aldeia’’,
 pois bem, se queremos viver em comunidade, em aldeia, em tribo, em comunhão, etc, etc, etc, antes de mais nada é preciso rever as relações íntimas, com aqueles que se tem a liberdade de revelar o nosso pior, a relação com o/a companheiro/a, com os filhos/as, com os pais, e principalmente consigo mesmo, 
e só quando essas relações forem 
saudáveis, harmoniosas, respeitosas e 
incondicionais, 
 estaremos prontos para arriscar o próximo passo e nos lançarmos para 
a verdadeira vida comunitária…

senão continuaremos na ilusão de que o ambiente externo irá nos possibilitar 
a transformação que tanto ansiamos…
é com as feridas abertas na pele, sentindo a desintoxicação, 
com todos os seus incômodos e inspirações 
que digo que o processo é antes de mais nada 
em nós mesmos…

que venha a saúde da existência, 
no físico, nas emoções, nas relações, na alma
deixando surgir o ser da potência em cada um de nós


9 comentários:

Gerusa disse...

Relações íntimas consigo mesma.
Ter a coragem, a liberdade e a alegria de aceitar um processo de limpeza.
foi o que fiz, resolvi encarar (olhar mesmo cara a cara, olho no olho) as alergias que iam e vinham...
e vieram pra valer!
e, sabe? dou conta. sou eu.
e passa.
e depois vem outra coisa.
é assim viver.
saúde dentro promove saúde fora.
paz também
amor também
tudo

Unknown disse...

gratidão!

thatiane.paiva. disse...

Vejo um lindo processo de mão dupla. De dentro pra fora, de fora pra dentro, como música, dança... E a potência do que se estabelece na relação dos afetos, das transições da vida, reinauguram o novo (sem que eu precise sair em busca de...!). O que preciso é redobrar minha atenção pra manter minha Fortaleza no caminho e estar presente nas minhas ações com inteireza e responsabilidade. E mesmo sabendo que ainda vacilo e que algumas vezes absorvo no corpo a minha fragilidade, consigo sentir clareza de mudança presente, serena, viva, potente.. Saúde!. Ferida aberta no corpo pra expandir a saúde da mente! Vivamos! Lindo, Ana!

Lia disse...

Um eterno parto (de parir) de mim mesma.

Unknown disse...

Linda e maravilhosa Ana! Fique bem! Embaixo das feridas está mais um renascimento teu!
Bjsssss

Anônimo disse...

Muito bom texto. Tenho percebido a mesma coisa ultimamente! E concordo, a transformação primeiro em nós mesmos, para então refletir no externo e consequentemente, transmutar uma realidade difícil que está instalada pelo sistema... as tais potestades, que não tem interesse na liberdade no conhecimento e formação do indivíduo, de fato. É consciência de si e do que está em torno de nós...
Parabéns! Adorei seu blog!!

Claudia disse...

Melhoras, querida Ana, flor de Amor. Gratidão por fazer Vida de tudo, tudo, tudo.

Anônimo disse...

Gracias linda, pelo o depoimento sincero e profundo, que é seu mas ao mesmo tempo tão meu! Gracias pelo espelho lindo que és! Gracias por ser!
Todo amor do mundo
Paula

Anônimo disse...

Depois dessa da escola... Até eu fiquei "doente".... Eu torcia tanto por esse projeto...... Todos ganharíamos muito com ele...
Que pena...
Tem gente que saber ler, mas não sabe interpretar nada. Nenhuma lei tem fim em si mesma. Cumprir uma lei sem conseguir seu objetivo é o mesmo que descumpri-la... Uma escola que ensina a ler, sem interpretar não é o fim da lei! Uma escola que ensina a ler de forma alheia à realidade do indivíduo, não ensina a interpretar. Leis não são feitas para máquinas. Pessoas não são máquinas. Pessoas interpretam!

Que pena...

Melhoras, Anna!

Eliene