o principio do desenvolvimento do bom relacionamento é o amor.
amar nos traz a capacidade de aceitarmos os outros, mesmo que não pensem, sintam ou ajam como nós.
e como diz o bom e velho humberto maturana, amor é biológico.
amar é aceitar a capacidade do outro ser capaz de fazer escolhas próprias.
é respeitar a singularidade, o mundo-próprio de cada um, isto é, a percepção singular que cada um de nós temos do mundo.
um bebê já nasce com toda capacidade de perceber o mundo a partir de seu corpo, de entender o que é melhor para si e selecionar o que aumenta sua potencia de vida.
amar é aceitar que mesmo um bebê é capaz de fazer escolhas e permitir que o faça.
toda vez que uma pessoa é impedida de exercitar sua capacidade genuína de fazer escolhas, ela não está sendo amada, e sua condição de escolhas inteligentes começa a atrofiar.
quando a criança está em um ambiente que não proporciona condições para desenvolver sua autopoiese, ela começa a fazer escolhas não mais determinadas por sua inteligencia primordial, mas pelo jogo do sistema que a rege, sendo determinada de fora, pelos outros, por interesses diversos.
não é qualquer escolha que queremos que as crianças façam, mas escolhas que estão coladas a sua inteligencia primordial.
é necessário permitirmos que as crianças tenham sempre ambientes e convívios que possibilitam manter ativa sua inteligencia primordial, para que seja praticada e assim desenvolver-se.
amar é permitir que as crianças cresçam exercitando sua inteligencia primordial através do exercício de fazer escolhas próprias, e para isso elas precisam ter ambientes condizentes com seu momento de vida.
ambientes que lhes ofereçam segurança, confiança, estímulos naturais, respeito por seu espaço e tempo.
um bebê pode escolher quando nascer, quando mamar, quando dormir, quando fazer xixi e cocô, quando ficar no colo ou no chão.
mas para isso ele tem que estar em um ambiente propicio, sentindo-se seguro para fazer essas escolhas.
uma criança pode escolher o que comer (desde que as opções sejam todas saudáveis não há o que se preocupar), escolher quando brincar, do que brincar, por quanto tempo brincar, o que vestir (dizem que casaco é aquilo que a criança veste quando a mãe sente frio), e com o tempo as crianças vão ganhando mais condições de aumentarem suas possibilidades de fazerem escolhas.
todos os outros animais fazem escolhas próprias, mesmo não tendo a capacidade de raciocínio, informações intelectuais, ou alguém que os ensinem; são escolhas celulares, escolhas que o corpo faz sempre com o desejo de fazer a vida acontecer da forma mais potente possível.
simples assim, a vida quer acontecer de forma plena e potente, para isso ela já vem equipada com essa capacidade em todas as suas células para fazer sempre a melhor escolha para seu ser singular, e quanto mais respeitada a condição dessas escolhas serem feitas, mais inteligente ela fica, e assim a vida cresce, desenvolve, se aprimora.
podemos chamar esse movimento de evolução.
muitos de nós não tivemos condições de escolher, e porque sempre escolheram por nós não da para dizer que foram escolhas feitas por amor, por mais que queremos acreditar; mas foram escolhas feitas por interesse (pessoal, social ou politico), por conveniencia, por regras sociais, por lucro, por habito, por medo, por não saber fazer de outra maneira; qualquer coisa, menos por amor, pois amor é permitir que o outro tenha condições de fazer escolhas próprias.
se não exercitamos nossa capacidade de fazer escolhas também não vamos permitir que nossos filhos e alunos o façam.
nossa inteligencia celular está atrofiada.
não sabemos mais escolher sem ter que usar o raciocinio para julgar, especular perdas e ganhos, e por fim permitir que escolham por nós, as vezes de forma tão sofisticada que cremos que fomos nós que escolhemos.
do modo que fomos criados é absurdo pensar em livre arbitrio.
para pararmos esse moto continuo, precisamos nos trabalhar, nos transmutar, aprender a ser nós mesmo outra vez e reconquistarmos nossa capacidade de fazer escolhas primordiais, aquela que está colada a nossa existencia singular, aquela que faz a vida ter sentido por ela mesma e não por uma finalidade especifica.
ou alguém acha que todas as coisas que fazemos na nossa vida foram escolhas feitas por nossa inteligencia primordial?
por um desejo intenso em nós?
por inspiração?
por nosso amor biológico???!!!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Fico pensando porque com tantos escritos sábios, há poucos comentários aqui...
Entendi!
Você sempre nos deixa (leitoras) sem palavras, com as suas.
Adoro vir aqui e te ler! =)
beijo
realmente rosana,
eu acompanho esse blog e nunca deixo comentario, fico pensando oq será q posso acrescentar a mais a não ser elogios....??
mas ja q resolvi me pronunciar coloco minha questao:
nós q já estamos tão viciados em disfarçar nossas escolhas como podemos idenficar e alimentar aquilo q temos de genuino e verdadeiro no nosso ser??
É estranho pensar que depois de tanto tempo as minhas escolhas talvez nunca foram minhas.
Postar um comentário